O que se esconde nas entrelinhas?

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Imagem - Pixabay
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Aprecio as sutilezas. Gosto dos pequenos gestos. Gosto, especialmente, daqueles que revelam a sua grandeza no detalhe. Daqueles que para entender o que escondem há que se observá-los vagarosamente. Espiou? Se você mirou direitinho vai ver que na maioria das vezes o que está nas entrelinhas é amor, entrega, compaixão, solidariedade e empatia.

Nos últimos dias tenho percebido isso com mais clareza. Esses gestos – poucos, mas ricos de amor -, têm dado as caras por aqui.

Tem as ligações de um amigo verdadeiro, das antigas. Aquele mesmo que o Roberto cantou: o tal do amigo certo das horas incertas.
Outras vezes quem liga é uma pessoa com quem não falava há quase quatro anos. De uns dias pra cá o telefone tem tocado de madrugada. E em meio ao resgate das memórias quase perdidas ele acena com uma oportunidade de trabalho. Raridade nesses tempos em que o etarismo tem dado as cartas.

Há outro amigo, esse também dos tempos imemoriais, que liga pra me contar sobre a experiência que viveu muito semelhante à minha. A dele, felizmente, com final feliz. Durante a ligação fala sobre fé, sobre foco. Ao final ainda me encaminha uma oração.

  • É para fortalecer o seu espírito.

Coisa linda, né mesmo?

Tem também a xícara de café compartilhada nessas tardes de calor extremo. Nem é preciso falar que os goles são entremeados por silêncios e suspiros. Não é que não se tenha nada a dizer. Temos assunto de sobra. Mas, neste momento, as companhias bastam. Quanto ao café, o grão é especial. Um presente. De quem? De uma alma irmã, obviamente.

E o toque da campanhia? Os cachorros anunciam que é o carteiro. Com ele veio o livro que eu queria tanto. Em tempos de asas arriadas e de rodinhas travadas, a obra é mais que bem vinda. Viagem garantida até a última página.

Ainda sobre sutilezas tem aquele filme japonês que me deixou ensimesmada por meses. “Fishbowl Wives”. lmperdível. Está na Netflix. Aliás, ando morando por lá faz tempo. Emendo uma série na outra. Filmes, também.

Ah, mas tem as redes sociais. Quer lugar melhor pra encontrar as pessoas?

Até concordo. Dá realmente pra encontrar gente a perder de vista, mas … Em 2020 li um post do Fernando Fabrini que guardei no cantinho da memória. Mas nem precisava. Ha três anos o Facebook se encarrega de resgatá-lo para mim. O Fabrini diz que almas, pessoas e sentimentos verdadeiros não são acessados via teclas. “Não há emogi que substitua os ensinamentos trazidos do convívio direto com o outro. A verdadeira emoção do diálogo entre seres iguais – mas incrivelmente diferentes – é o que nos faz um pouco melhores a cada dia. Não podemos perder isto”.

Concordo demais. Olho no olho, abraço, toque, compaixão, empatia, solidariedade, mão estendida, encontro no fim da tarde com os amigos, mesmo que seja só pra um cafezinho rápido, aquela comidinha preparada a várias mãos no sábado à noite, na cozinha de casa; família barulhenta reunida naqueles almoços de domingo que se prolongam pela tarde afora; uma viagem inesquecível só com gente do bem … Tudo isso faz a maior diferença. Que nada se perca.

Por fim, só pra fechar esse nosso papo com um pé na deprê, tenho andado na vibe “inspire amor, expire respeito!” E assim segue o barco. Lembrando que navegar é preciso, mas que viver não é preciso. Pra seguir em frente precisamos contar com as imprevisibilidades. Até mais.

4 COMMENTS

  1. Mara, mara, maravilhoso esse texto. As vezes, um pé na deprê, pode fazer a gente produzir coisas incríveis na imprecisão dessa vida.

  2. Quem gosta para sempre…Indiferente se ontem ou há anos atrás…Ele sempre volta como se tivéssemos encontrado a pouco…Amei

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