“Uber” das abelhas ajuda aumentar produtividade em 30%

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"Uber" das abelhas conecta produtores com criadores, que podem alugar suas colmeias para polinizar plantações de café, morango, soja e outras. Foto - Pixabay

“Uber” de abelhas? Sim, ele existe no Brasil, foi criado por uma startup de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e já pode ser acionado. Por meio de um aplicativo, a empresa Agrobee coloca em contato criadores de abelhas com agricultores interessados em alugar colmeias para polinizar suas culturas. Vantagens? Inúmeras. Entre elas, aumento da produtividade, que pode chegar a 30%.

No caso das plantações de café, por exemplo, a empresa constatou que o uso das abelhas para polinizar as plantações representou um aumento médio de 8,8 sacas por hectares, o que representaria uma economia média de R$ 3.960 ao proprietário rural (também por hectare).

Já o uso das abelhas nas culturas de morango mostrou um aumento de quase 13% no peso médio dos frutos e de 19% no teor de açúcar – ou seja, morangos mais doces. Outro detalhe importante: sem as abelhas, o índice de deformação nos frutos pode superar 76%, o que representa grande prejuízo para os produtores. Com a polinização, esse índice caiu para 23%.

Tela do "uber" das abelhas
Tela do “uber” das abelhas

Segundo Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa especialista em abelhas, no caso das lavouras de café que foram polinizadas por esses insetos, o fruto apresenta duas sementes, o que explica o aumento da produtividade. Sem a polinização, o fruto normalmente apresenta apenas uma semente.

“Essa plataforma digital da Agrobee nasce para integrar o criador de abelhas, que tem os insetos disponíveis para serem usados na polinização, com os agricultores, especialmente produtos de café, que precisam dessas abelhas. Em síntese, a ideia é aproximar quem tem as abelhas de quem precisa das abelhas”, ressalta Menezes.

Investidores

A plataforma criada pela Agrobee desperou o interesse de investidores. Em julho, a empresa fez um acordo com um clube de investimentos, administrado por famílias do agronegócio interessadas no desenvolvimento tecnológico do setor. Com o aporte de recursos, a Agrobee pretende desenvolver novas ferramentas para o aplicativo e ampliar o negócio para todo o Brasil.

Uma das novas ferramentas vai permitir que os técnicos da empresa avaliem a qualidade das colmeias que serão alugadas por meio de fotografias enviadas por celular pelos produtores. Hoje, essa avaliação é feita presencialmente, o que acaba gerando mais custos e até mesmo atraso na liberação dos insetos.

A Agrobee também define a escolha das espécies corretas para cada tipo de lavoura, a quantidade de caixas adequadas, que é baseado no tamanho da área, bem como o local mais adequado para a instalação das colmeias.

“Fazemos também auditoria nas colmeias para ver se elas atendem os requisitos exigidos, como quantidade de abelhas, sanidade, se estão produzindo cria – porque aí elas vão necessitar de alimento e não servem para a polinização”, explica Arthur Nascimento, biólogo da startup.

A expectativa da Agrobee é ampliar, nos próximos dois anos, o acesso ao “uber” das abelhas para outras lavouras, como de soja, girassol, laranja e morango”.

Agrobee conseguiu atrair investidores e quer levar aluguel de abelhas para todo o Brasil
Agrobee conseguiu atrair investidores e quer levar aluguel de abelhas para todo o Brasil

Ganhos ambientais

Além do comprovado aumento da produtividade, o uso das abelhas como polinizadores trás também outros ganhos. De acordo com os biólogos da Agrobee, ao criar uma cultura em prol da polinização natural, os produtores podem controlar melhor o que é usado no combate às pragas (geralmente, produtos químicos, a maioria muito tóxicos). Ou seja, ganha o meio ambiente.

Há também ganho em relação às mudanças climáticas. Com mais produção por hectare, a necessidade de ampliar a área de lavoura e, consequentemente, gerar algum tipo de desmatamento, tende a diminuir.

Com agência Fapesp

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