Butantan vai testar em humanos novo soro contra Covid-19

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Soro desenvolvido no Butantan com plasma de cavalo será testado em humanos. Foto - Wolfgang Claussen - Pixabay
Soro desenvolvido no Butantan com plasma de cavalo será testado em humanos. Foto - Wolfgang Claussen - Pixabay

O Instituto Butanan vai começar, nos próximos dias, a testar em seres humanos um soro anticovid feito a partir do plasma de cavalos. A autorização para o início dos testes foi dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Se aprovado, o novo soro pode se transformar num tratamento efetivo contra a Covid, 100% brasileiro.

O Butantan já dispõe de 3 mil frascos do novo soro para dar início às testagens. Ele será aplicado em pessoas contaminadas pela Covid e que estejam internadas.

Os responsáveis pelo trabalho explicam que o objetivo do medicamento é amenizar os sintomas da doença nas pessoas já infectadas. Ele não servirá para curar e muito menos para prevenir a doença.

Os testes, além de demonstrar sua eficácia, vão mostrar também qual será a dosagem recomendada. Segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, uma vez autorizados, os testes serão feitos inicialmente no Hospital do Rim e no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Técnicos do Butantan retiram sangue dos cavalos para separar plasma. Foto - Butantan - Divulgação
Técnicos do Butantan retiram sangue dos cavalos para separar plasma. Foto – Butantan – Divulgação

Ele explicou também que, inicialmente, o foco serão pacientes com infecção recente e alto ou altíssimo risco de doença grave. De acordo com Dimas Covas, a intenção é que o soro funcione como uma “vacina instantânea”.

“É um concentrado de anticorpos contra o coronavirus. Quando o paciente começa a ter manifestações clínicas importantes, ele já pode receber o soro, que começa a combater o vírus e isso permite que a doença não continue”, explicou Covas.

Como é feito o novo soro

Para a produção do soro, os técnicos retiram o plasma do cavalo, que faz parte do sangue do animal, e levam para a sede do Butantan, na Zona Oeste de São Paulo. Os anticorpos são separados do plasma e se transformam em um soro anticovid.

Os cavalos, além de ajudarem a produzir o soro, participaram dos testes. O vírus inativo não provoca danos aos animais, nem se multiplica no organismo, mas estimula a produção de anticorpos. No início de março, Dimas Covas disse que os testes feitos em animais apontaram que o soro é seguro e efetivo.

“Os animais que foram tratados tiveram seu pulmão protegido, ou seja, não desenvolveram a forma fatal da infecção pelo coronavírus. Os resultados de estudos em animais são extremamente promissores e esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada nos seres humanos”, disse Covas.

Atualmente, o Instituto Butantan, que é o maior produtor de vacinas da América Latina e está fabricando a vacina Coronavac, contra a Covid, é responsável por 100% da produção de soro no país.

O Butantan não informou quanto tempo durará a fase de testes do novo soro em humanos. Mas disse que sua linha de produção tem capacidade de produzir rapidamente o novo remédio, caso ele seja aprovado.

Fiocruz

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto Vital Brasil também estão desenvolvendo um soro anticovid com plasma de cavalos.

Cientistas do Instituto Vital Brazil também pesquisam soro para covid com plasma de cavalo. Foto - Vital Brazil
Cientistas do Instituto Vital Brazil também pesquisam soro para covid com plasma de cavalo. Foto – Vital Brazil

Para iniciar os testes, que serão coordenador pelo Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa, as entidades aguardam apenas a autorização da Anvisa. Segundo informações dos pesquisadores, o soro será injetado, inicialmente, em sete pacientes para uma avaliação de segurança. Se confirmada a ausência de efeitos adversos, mais 36 pacientes receberão o medicamento.

A previsão para a conclusão do estudo é de três meses, após o início dos trabalhos. Os cientistas vão avaliar eventuais reações adversas, tempo de internação, curva de redução da infecção pelo novo coronavírus, entre outros indicadores.

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