Porcos podem ajudar reduzir fila de transplante de órgãos

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Órgãos de porco modificados geneticamente são esperança para milhares de pacientes que precisam passar por um transplante. Foto - Agência Brasil
Órgãos de porco modificados geneticamente são esperança para milhares de pacientes que precisam passar por um transplante. Foto - Agência Brasil

Porcos modificados geneticamente carregam órgãos mais propensos a serem transplantados em humanos em futuro próximo.

Transplante de órgãos ainda é um drama tanto para o paciente quanto para familiares, seja no Brasil ou em qualquer parte do mundo. Graças aos avanços da ciência, surge uma nova esperança para quem precisa receber algum órgão para continuar a vida: o xenotransplante, que é o transporte de órgãos entre diferentes espécies.

Os avanços mais recentes, conforme artigo publicado recentemente na revista MIT Technology Review, estão sendo feitos com porcos modificados geneticamente numa fazenda na Bavária, na Alemanha. Com essas modificações, as chances de rejeição dos órgãos são menores.

Pixabay
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Os testes com porcos estão sendo feitos porque seus órgãos têm anatomia semelhante ao dos seres humanos e eles atingem a idade adulta mais rapidamente do que outros animais, como primatas, por exemplo.

Num centro cirúrgico de Munique, já foram feitos 14 transplantes em macacos babuínos, que receberam o coração dos porcos. Dois deles sobreviveram por seis meses, o que é considerado um feito até agora.

Xenotransplantes: terapia do futuro

O presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Paulo Pêgo Fernandes, em entrevista ao UOL, citou uma frase do médico Norman Shumway, pioneiro nos estudos de transplante de coração nos Estados Unidos. “Xenotransplantes é a terapia do futuro. E sempre será”.

“Se você tem animais que podem produzir órgãos, não precisaria de doadores”, assinala o médico brasileiro. Segundo ele, o uso de órgãos de animais resolveria o problema das filas. Mas também da logística do transporte dos órgãos do doador, geralmente vítimas de acidentes, até o receptor.

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Conforme a ABTO, entre janeiro e setembro deste ano, 19.331 pacientes tiveram órgãos, tecidos ou medula óssea transplantados no Brasil. Mas, a fila para receber o transplante é bem maior: 36.468 pacientes.

Quem precisa de um transplante de órgão no Brasil precisa passar por uma verdadeira via sacra. Que o diga a família do garoto mineiro Ravi Fantini Tocafundo, que precisou de um transplante de fígado.

O Brasil ocupa atualmente a 23ª colocação no ranking mundial de transplantes, com 16,6 transplantes por milhão de pessoas (pmp). A taxa nos Estados Unidos é de 32 pmp.

Campanha da Associação  Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO)
Campanha da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO)

De acordo com os especialistas, não dá ainda para prever quando os transplantes de órgãos de animais em seres humanos poderão ser feitos em grande escala. Mas os estudos realizados com porcos são considerados muito promissores e poderão, conforme esses especialistas, se tornar uma alternativa em futuro próximo.

Outros estudos

Estudos de transplante de órgãos de porcos em seres humanos estão sendo feitos em outros países. Na China, os pesquisadores transplantaram células das ilhotas pancreáticas produtoras de insulina de porcos editados para pessoas com diabetes.

Na Coréia do Sul, uma equipe está esperando autorização do governo para realizar transplantes de córneas de porcos em seres humanos. No Hospital Geral de Massachusetts, pesquisadores acabam de anunciar que uma pessoa com queimaduras graves recebeu uma cobertura temporária para as feridas por meio da pele de porco modificado geneticamente.

Com UOL

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