Nenhum motivo explica a guerra

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Pomba da Paz - da série de desenhos criados por Pablo Picasso para simbolizar a paz no pós Segunda Guerra Mundial
Pomba da Paz - da série de desenhos criados por Pablo Picasso para simbolizar a paz no pós Segunda Guerra Mundial

Acredito que não há neste mundo alguém que não esteja com olhos e corações voltados para o Oriente Médio. Somos um povo pacifista por natureza. Para nós, nenhuma guerra se justifica. O titã Arnaldo Antunes já deixou isso muito claro. “Nenhum motivo explica a guerra. Nem a grana, nem a ganância, nem a vingança, nem avanço industrial, nem esperança, nem o ideal, nem em nome do bem, contra o mal. Nenhum motivo explica a guerra. Nem a sede de poder, nem o medo de perder, nem a ira, nem a mentira, nem a conquista territorial (…)”.
Com o coração na mão, um olho na tela e outro na rotina, a gente vai driblando a realidade, desviando – ou tentando- o foco para as nossas guerras pessoais. Nada demais. Nada que se compare. É só a nossa vidinha besta. Se tem problema, a gente toma um fôlego, se ampara no ombro da família e dos amigos, deita no colo de Nossa Senhora, sublima e segue em frente.

Afinal estamos vivos. Nossa família está em segurança, temos um teto que nos abriga, a nossa mesa é farta. Mas que dificuldades são essas? Melhor nem comentar. Afinal, a proposta por aqui é o compartilhamento de boas novas. Levamos isso a sério. Assim, seguimos a vida como Deus quer. Conformismo? Pode até ser. Mas acredito que Ele só deseja o nosso bem e que pra tudo há uma explicação, pra tudo dá-se um jeito. Assim, me apego à fé na justiça de Deus e dos homens para seguir em frente.
Ah, mas não pense que sou a boazinha. Se a situação sai do tolerável, lá se vai a elegância. Já aconteceu mais de uma vez. Dia desses, por causa de uma baciada de amoras, por pouco não perco a linha. É que nessa época do ano, com a autorização dos vizinhos, costumava colher as frutas de um galho que se debruçava sobre o muro. Ficava numa rua tranquila, bem próxima ao sítio. Fazia a festa. As amoras eram super saudáveis. Lindas, graúdas, uma boniteza. Rendiam torta, suco, geleia, além de mãos e bocas manchadas de carmim.
Neste ano, assim que começou a temporada da fruta, lá fui eu de novo, toda serelepe, colher as amoras compartilhadas. Só que não. O muro, para meu espanto, estava inteiramente nu, sem qualquer vestígio da amoreira. Jornalista raiz, logo fui apurar o fato. Os vizinhos contaram que a proprietária cortou a amoreira para ampliar o muro. Não contente com isso ela cortou também uma árvore da vizinha. Se tenho a versão da “inimiga do verde”? Não tenho. Infelizmente, ela não deu as caras. Permaneceu amuralhada.
Esse fato seria motivo de contenda? Seria. Mas nada aconteceu. Lembra do nosso perfil pacifista, do nosso povo cordato? Pois, então! Apesar da insatisfação coletiva, a coisa não avançou. Tudo ficou em paz, tudo se ajeitou. A moça permanece entre muros como gosta, os vizinhos compraram novas mudas e sementes para refazerem o pomar.

Quanto a mim, recorri ao fornecedor de frutas vermelhas congeladas. O pacote me custou R$ 35,00. Caro? Sim. Muito. Mas, remetendo à sabedoria do Vovô Nenê, mais vale um gosto que uma carrada de abóbora. E segue o barco. Talvez eu faça uma geleia? Talvez as frutas compradas a preço de ouro fiquem melhores como cobertura de um cheesecake. Combina muito com ricota. Ou, quem sabe, de um bolo piscininha. Não me decidi ainda.
Abstrações e contendas paroquiais à parte, de volta ao lado negro da força, a verdade é que a Guerra no Oriente Médio está mais próxima de nós do que imaginamos. E afeta não só os países diretamente envolvidos. Envolve o resto do mundo, inclusive o Brasil. Para quem tem laços familiares ou amizades na região, a guerra é uma fonte de angústia, medo, tristeza e impotência.

Para outros, a guerra inspira indignação, revolta, solidariedade e ação, especialmente se estão ligados às partes do conflito ou às causas humanitárias em jogo. Isso leva a manifestações, doações e apoio aos civis afetados pela violência, promovidos por ativistas, organizações não governamentais, movimentos sociais e grupos religiosos.
Além disso, a guerra no Oriente Médio preocupa, gera incerteza, cautela e interesse para aqueles brasileiros que são impactados pelas consequências econômicas e políticas do conflito. Empresários, investidores, consumidores e cidadãos que dependem da estabilidade da região para garantir o fornecimento de petróleo, manter o comércio internacional, a segurança nacional e a paz global também sentem o impacto.
Em última análise, não importa a que grupo pertencemos. O que realmente importa é que todos tenham acesso a informações confiáveis e imparciais sobre a situação na região e possam expressar suas opiniões e sentimentos de maneira pacífica e respeitosa.
Que a paz, a humanidade e o bom senso prevaleçam. Que as mãos permaneçam tingidas de carmim. Mas que se limitem às amoras. Que assim seja!

6 COMMENTS

  1. Ora, ora; a amora que não vai ser mais a da vizinha. O muro que era para ser o da lamentação, inspirou na plantação da melhora das próximas amoras.

  2. Que assim seja! Tudo que precisamos paz, oremos e pedimos há Deus para nos proteger, que essas guerra tenha um fim.. precisamos de paz..

  3. Tenho andado muito decepcionada com a humanidade, confesso que às vezes sem esperança! Estou preferindo cuidar das minhas plantas que eu adoro e roubar amoras, eu também faço isso Gi, aqui no meu bairro tem muitos pés de amora pelas ruas.

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