Sobre chá, café, amor e amizade

Dizem que a camomila ajuda a eliminar mágoas, a acalmar e aquecer os corações, a transformar medos em esperança. Essa florzinha encantadora – e tão necessária – é prima dos girassóis, das dálias e das margaridas. Pena que o sol e o calor estão dizimando a nossa horta. Por sorte, ainda temos o supermercado. A prateleira do chá de camomila é fácil de achar. É vizinha das embalagens de café. 

Por falar em cafés, tá aí uma bebida que amo. Amo cafeterias também. São meu abrigo preferido. Se antes, por hábito e formação cultural, eu me limitava ao expresso ou ao café coado, hoje ando apaixonada pelo café gelado. Influência dos doramas?  Talvez até seja. Vai saber, né mesmo? 

Influenciada ou não pela cultura asiática, a verdade é que a minha iniciação pelo mundo dos cafés gelados se deu pela Starbucks. Hoje, já fã dos efeitos da cafeína na versão fria, me tornei uma verdadeira caçadora da bebida. Talvez até rendesse um blog no estilo ” uma cafeteria por dia”. Opção é o que não me falta. Assunto também. 

Essa minha saga tem me levado pra tantos lugares aconchegantes que depois de conhecer vários em Beagá, agora passei a me aventurar pelo interior das Minas Gerais. Uai! Por que o espanto? Já temos ice coffee nos grotões. Dia desses me encantei com o Cheirim Bão lá de Divinópolis. Como o próprio nome diz, bão dimais da conta. Aprovado. Em outro, descobri a Calhau da Mata, lá em Carmo do Cajuru. Que lugarzinho encantador! Não vou parar por aí. A saga continua. 

E se você chegou até aqui acredito que também aprecie a iguaria. Pesquisando sobre o assunto deparei-me com recortes do livro “História do Café”, de Ana Luiza Martins. A escritora conta que o café veio da Etiópia e que a Europa foi responsável por difundir o consumo da bebida pelo globo. A partir de 1450 filósofos, ao consumi-lo, permaneciam acordados para realizar exercícios espirituais. Por apresentar sabor agradável e por ser estimulante, o café tornou-se um produto da moda, fazendo com que o crescente interesse pela bebida permitisse a sua “globalização”, facilitando a intervenção cultural tanto nas formas de consumo quanto nas técnicas de plantio.

Tudo isso está descrito no livro da Ana Luiza. A autora discorre ainda acerca de uma lenda sobre um pastor de cabras africano, que foi o grande responsável em descobrir seu uso. Conta a lenda que o pastor observou que suas cabras ficavam alegres e cheias de energia depois que mastigavam os frutos dos arbustos abundantes dos campos. Passou então a consumi-los. Lenda ou não, registros históricos indicam que foi nesta época que a exploração de diferentes possibilidades de consumo do café começou a se difundir.

Ah, a lenda conta ainda que inteirados do acontecido, na mesma época, os monges também passaram a consumir o café. A bebida, muito excitante, era muito útil por mantê-los acordados nas rezas e nas vigílias noturnas.

Essa prosa toda acabou me dando uma vontade enorme de degustar um cafezinho. Vou ali na cozinha tomar um coado. “Dos bão”, como se diz por aqui. É o D´Anélia, grão produzido na Serra do Caparaó, em Alto Jequitibá. Divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. indicação do amigo Adelson. Excelente companhia para finalizar a leitura de “A livreira de Paris”, mistura de ficção e biografia. Uma homenagem à Sylvia, mulher que ousou se impor como missão honrar o poder transformador da literatura. É também sobre amizade e amor na Europa da metade do século XX. Em outro momento conto mais sobre essa obra que está me encantando. Até mais. Fiquem bem.