Anarriê! Vai começar a festança

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Festa Junina - Pixabay - por eduardops93
Festa Junina - Pixabay - por eduardops93

Eu não sei como é com vocês, mas quando junho dá as caras fico toda animadinha. Não, eu não danço quadrilha. Longe disso. Gosto mesmo é das comidinhas. Humm! Canjica, caldos, doces, pipoca, bolo de fubá, pé de moleque … a mesa é farta. Uma verdadeira festa no céu da boca.

Nessa época minha memória afetiva grita. Lembro das fogueiras na Fazenda dos Melos. O que dizer daquela imensa mesa de biscoitos? Na sequência tinha a festa que meus avós organizavam para as crianças da cidade. Pagamento de promessa. Minha avó creditava a São João a cura de um dos meus tios. Ele tinha uma doença que por um bom tempo afligiu a nossa Vovó Cocota. Vovô Nenê ficava responsável pela fogueira e pela compra dos foguetes, traques e bombinhas; Vovó e Sílvia se ocupavam com os biscoitos e doces que seriam servidos à noite.
Fico aqui pensando que São João é pau pra toda obra. Se curou meu tio, também é considerado o padroeiro dos agricultores; por sua vez, Santo Antônio é conhecido como o santo casamenteiro, sendo frequentemente invocado pelas pessoas que buscam um relacionamento amoroso. Já São Pedro é visto como o guardião das chaves do céu e é celebrado com muita alegria e devoção em diversas regiões do Brasil.
A homenagem a esses santos tem origem em tradições europeias, especialmente portuguesas, trazidas para o país durante a colonização. A cultura popular brasileira acabou incorporando elementos próprios às festas juninas, o que tornou essa celebração uma das mais tradicionais e queridas do país.
Você deve estar aí se perguntando o porquê desse costume de acender fogueiras. A tradição pode ter origem em rituais pagãos pré-cristãos ligados às celebrações do solstício de verão, que acontecem no hemisfério norte por volta do dia 21 de junho. Esse período marca o ponto máximo de luz solar no ano e é considerado um momento de renovação e fertilidade.
Outra possível explicação está relacionada às comemorações dos santos. Acredita-se que as fogueiras possam representar o fogo do Espírito Santo, que foi derramado sobre os apóstolos no dia de Pentecostes, celebrado cinquenta dias após a Páscoa.
Além disso, as fogueiras podem ter sido utilizadas originalmente para espantar os maus espíritos e criaturas míticas como lobisomens, bruxas e outras entidades associadas à noite e à escuridão. Com o tempo, a tradição foi sendo incorporada às festas populares e se tornou um símbolo das celebrações juninas em diversos lugares do mundo.
Explicações a parte vamos ao que interessa: as comidinhas e bebidinhas. Nas festas juninas o milho ganha todos os holofotes. Está presente em todas as mesas. Além de coincidir com a época de colheita, é um alimento bastante versátil e pode ser utilizado de diversas formas na culinária. Vai bem tanto em pratos doces quanto salgados, como pamonha, bolo de milho, curau, canjica, pipoca … a lista é enorme. Pesquisando aqui vi que o milho também é uma importante fonte de nutrientes como carboidratos, fibras, vitaminas e minerais, tornando-se uma ótima opção para compor as refeições típicas dessa época do ano.
Entre os pratos mais tradicionais elaborados a partir do milho está a pamonha. Essa delicinha é feita com massa de milho verde ralado e cozido, recheada com queijo ou doce de leite. Vem embrulhada na palha. Uma lindeza. A canjica é outro doce típico feito com milho branco cozido em leite, açúcar, canela e cravo-da-índia; isso sem falar no mingau de milho verde, conhecido em algumas regiões como curau, do bolo e pipoca. Vai muito bem também em saladas, tortas e quiches.

  • Tá bom. Você fica aí falando de comidinhas, mas vamos ao que interessa. E as bebidas? Ninguém bebe nada nessas festas?

Bebe, sim. Esse friozinho pede algo que aqueça o corpo e desperte os sentidos. Que tal um copo de quentão? Não vai me dizer que você nunca experimentou? Então, não sabe o que está perdendo. Além de gostoso, é fácil de preparar. Basta juntar à cachaça o açúcar, água, gengibre picado, limão em rodelas, cravos da índia, canela em cavaco, alfavaca e erva doce. Depois é só misturar tudo isso e deixar no fogo até que ferva. E como conselho nunca é demais, não se esqueça, beba com moderação.

Antes de ir, porque sou dessas, vou deixar aqui pra vocês uma receita de bolo de milho que é a campeã de pedidos aqui de casa: o bolo de milho de latinha. Anarriê! Que comece a festança! Viva São João! Viva São Pedro! Viva Santo Antônio!

Bolo de milho
Ingredientes:
1 lata de milho verde sem a água da conserva
1 lata de óleo (medida da lata de milho)
1 lata de açúcar (medida da lata de milho)
1 lata de fubá (medida da lata de milho)
4 ovos
2 colheres de sopa de farinha de trigo
2 colheres de sopa de coco ralado
1 e 1/2 colher de chá de fermento em pó
Modo de fazer:

No liquidificador, bata todos os ingredientes até obter uma consistência cremosa. Depois de batido, acrescente o coco ralado, o fermento e misture. Despeje a massa em uma assadeira untada e leve ao forno médio (180° C) por 40 minutos. Não se esqueça de pré-aquecer o forno.

8 COMMENTS

  1. E num é que é bom demais?! A soma de frio com comidinha quente não tem nada melhor. Amo também. O problema é o resultado de tudo no verão.

  2. Huuuum!!!
    Bom demais!!!
    O frio aproxima as pessoas, as fogueiras aquecem o tempo e o espírito, além de fazer um espetáculo para os olhos e as comidinhas alimentam o corpo fragilizado pelo frio.
    Tudo de bom!!

  3. Boa lembrança Gi, quando criança me encantava com a fogueira,as roupas e as comidas então…sem comentários! Já fiz essa receita e é simplesmente deliciosa.😋😋😋

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