Aí, meu Deus! Sou uma tia cringe

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A geração Millennial já nasceu conectada. Imagem - redes sociais
A geração Millennial já nasceu conectada. Imagem - redes sociais

Não é por nada não, mas ando me achando meio defasada, meio mesozóica. Por aqui, meus sobrinhos já me dirigem aquele olhar enviesado de “ai meu Deus, como essa tia é “cringe”?

“Cringe”? Aposto que você já fez que nem eu e foi ao Google pra saber que diabos significa isso. Então, sinto lhe dizer. Somos cringe mesmo. No inglês seria algo como “vergonhoso”, algo que causa constrangimento em discussões com representantes das gerações “Z” e “millennials”.

  • Geração Z? Millennials? Lá vem você de novo com essas coisas da Internet.

Helloooo! É só dar uma ” googlada”. “A geração “millennials ou geração “Y” é aquela galera (ops) que nasceu entre os anos 1980 e 1990, que pegou a época da internet discada, celulares do tipo básico que só faziam ligações e tinham o famoso “jogo da cobrinha”, não sendo tão presente no cotidiano, como nos dias de hoje dominado pelos smartphones.

Já a geração “Z” é de quem nasceu entre 1995 e 2010 na era tecnológica, onde o uso da internet já tinha se tornado um hábito bem recorrente por muitos, e tiveram esse contato desde cedo.”

Confesso que até tento não ser muito cringe. Vivo correndo atrás do prejuízo. O problema é que mal assimilei uma novidade e lá vem outra. Há uma pressa que me deixa sem fôlego. Odeio as tais atualizações. E quando me atrapalho e sou “obrigada” a perguntar pro coleguinha do lado algo que pra ele é óbvio? Constrangimento total. Quase uma rotina.

Estou descobrindo com algum sofrimento que meu tempo não é o tempo dos outros. Percebi também que há uma economia de palavras. As pessoas estão com pressa, me ouvem pela metade. Nem bem cheguei ao sub-lead da minha novidade e percebo que a conversa já mudou de rumo, que o foco é outro. Vivo falando sozinha. Será que estou me tornado uma mesozóica prolixa? Ou será mais uma sequela pandêmica? O isolamento pode ter acelerado esse meu descompasso geracional. Vai saber, né?

Se sofro com tudo isso? Já sofri. Hoje, menos. Talvez as placas tectônicas estejam se acomodando. Isso não quer dizer que “Falha de Sant Andres” esteja estabilizada. Mesmo que não sejam frequentes, abalos acontecem. De vez em quando esse descompasso me irrita tanto que entro no modo “piti”. E aí você já viu, né? Sobra pra todo mundo. A “tia cringe” roda a baiana.

Felizmente, aqui nessa casa das seis mulheres, duas são absolutamente tecnológicas. São as conectadas. Deu erro, “bugou”? Sem problema. Com elas o constrangimento é menor.

  • Jacq, como é que faço um “rells”? Meu bolo ficou tão lindo?
  • Gilda, como é que consigo esse efeito na foto do meu pão de queijo?

Mas, nem tudo está perdido. Se elas se cansarem, ainda tenho outra alternativa. Quem sabe o Metaverso pode me salvar? Nesse universo virtual povoado por avatares, eu possa interagir e trocar ideias. Afinal, a “Second Life” não é exatamente uma novidade. Já tem 18 anos. Ficou cringe. Que nem eu.

3 COMMENTS

  1. Gisa,
    Também sou Tia “cringe”, mas nem ligo. Eles estão ai para nos ensinar ( Nova Geração). Afinal, ensinamos tanto a eles. É o pagamento de uma boa educação, e os valores da vida ensinados por nos Tias “Cringes”.
    Gilda e Jacq se sobressaem no mundo virtual e você nos ingredientes e misturas das palavras. Minha Inspiração!
    Cada qual com seu valor!
    beijos

  2. “Não se despedace para manter os outros inteiros”, por mais que os ame. Viva o seu tempo, curta a sua despreocupação com atualizações tecnológicas que jamais terão fim, a paranoia dos jovens que conversam com o Japão mas “nem aí” para o Pet da família que esbarra nele para ser visto, carente e solitário. Jovens conseguem estar ausentes, mesmo no mesmo cômodo, não enxergam quem está na frente, ao vivo e à cores, já não vivem o presente fissurados no futuro, grudados na telinha, horas a fio, loucura é isso. Vovôs eram sábios, sagrado é o nosso tempo e brega é chique.

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