Professora brasileira na lista dos 10 melhores do mundo

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Professora Doani Bertan, finalista do Global Teacher Prize, - Foto - Divulgação
Professora Doani Bertan, finalista do Global Teacher Prize, - Foto - Divulgação

Entre 12 mil inscritos de mais de 140 países, a professora brasileira Doani Emanuela Bertan, que dá aulas de educação inclusiva de libras e português num escola municipal de Campinas (SP), ficou entre as dez finalistas do Global Teacher Prize 2020, iniciativa da Varkey Foundation em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

O vencedor do prêmio, que é considerado o Nobel da Educação, foi o professor indiano Ranjitsinh Disale, que desenvolve em seu país um projeto que promove a educação de meninas. Ele vai ganhar um prêmio de US 1 milhão, o equivalente a pouco mais de R$ 5 milhões, e prometeu dividir metade do valor com os demais concorrentes. O que significa que a brasileira Doani poderá ganhar 55 mil dólares, cerca de R$ 280 mil.

A professora brasileira Doani Emanuela Bertan foi selecionada entre os dez finalistas do Global Teacher Prize 2020. — Foto: Divulgação
Professora Doani Bertan, finalista do Global Teacher Prize 2020 – Foto: Divulgação

Ainda que não tenha ficado em primeiro lugar, a professora Doani já é uma vencedora. O projeto que ela criou na Escola Municipal Julio Mesquita Filho de alfabetização bilíngue em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e português foi transportado para a internet e ajuda hoje milhares de alunos, e também pais, no Brasil e até em outros países.

Sobre o trabalho desenvolvido pela brasileira, a diretora-geral adjunta da Unesco para a Educação, Stefania Giannini, fez o seguinte comentário:

“Parabéns para Doani Emanuela Bertan por estar entre os 10 finalistas de uma lista extensa de professores talentosos e dedicados. Espero que sua história inspire aqueles que desejam se tornar professores e também destaque o incrível trabalho realizado diariamente pelos professores brasileiros e de todo o mundo”.

Doani dá aulas em turmas mistas do ensino fundamental em uma escola municipal de Campinas (SP). Este ano, ela leciona em uma turma do terceiro ano que inclui nove alunos surdos e dois com déficit de audição, que precisam usar aparelhos para ouvir melhor.

Como recebia muitos questionamentos pelo WhatsApp, a professora decidiu gravar vídeos para responder as dúvidas dos alunos, pois não conseguia dar retornos individuais, dado o tamanho da demanda. Elaborou, então, roteiros de vídeos educativos em Libras sobre o conteúdo que dava na sala de aula e passou a publicá-los num canal no Youtube que ela batizou de Sala 8, o número da sala que ela lecionava na escola municipal.

No vídeo abaixo, ela explica a ideia do Sala8:

Houve grande aceitação por parte de estudantes e dos pais, que diziam aprender cada vez mais vocabulário em Libras, e ela decidiu aprimorar a ideia. A narração em português sobre as imagens permite que os ouvintes associem o conteúdo aos sinais em Libras, dando uma grande contribuição para a inclusão dos alunos surdos. O Sala8 já está no ar faz três anos e tem uma média de mil acessos por dia.

“Vivemos uma sociedade hoje com um pouco mais de empatia do que antes. A gente tem uma luta muito grande para quebrar o paradigma de que a pessoa deficiente é uma pessoa ‘não eficiente’. Ela tem sua eficiência, mas também tem que saber olhar onde está essa eficiência”, observa a professora Doani.

Poder de escollha

Doani nasceu em Vinhedo, cidade próxima a Campinas, onde teve, ainda criança, o primeiro contato com Libras, a língua dos sinais. “Na minha infância era muito comum ver surdos vendendo chaveirinhos e, no verso da embalagem, sempre tinha uma imagem com o alfabeto em libras“, conta ela. “Eu fazia as palavrinhas com as mãos, ficava treinando do jeito que entendia que aquelas imagens impressas eram em 3D”, acrescenta.

A professora também se inspirou na apresentadora Xuxa, em especial na música “Abecedário da Xuxa”. O vídeo clipe de divulgação e os shows da apresentadora mostram as letras sendo apresentadas em libras, seguindo a letra da música: “A de amor, B de baixinho, C de coração”.

Os anos se passaram e Doani decidiu fazer graduação em pedagogia, aprofundando o conhecimento na educação inclusiva usando Libras. A professora acreditava que os surdos poderiam ter direito a escolhas e não simplesmente se conformarem em vender chaveirinhos nos sinais de trânsito.

“Tenho alunos que cursaram faculdade [Doani também dá aulas no ensino superior], outros que trabalham na mesma profissão do pai, não importa. O que importa é ter direito de escolha. Saber que pode escolher, e não que foi imposto. Como sou muito apaixonada pela minha profissão, quero que eles também sejam muito felizes”, assinala a professora.

Parabéns à professora Doani. Que o seu trabalho sirva de inspiração para os milhares de professores brasileiros, muitos deles realizando trabalhos incríveis Brasil afora. Ah! Além de Doani, outros dois brasileiros ficaram entre os pré-selecionados ao Global Teacher PrizeFrancisco Celso Freitas, professor do sistema socioeducativo do Distrito Federal, e Lília Melo, professora da rede municipal de Belém (PA).

Com G1

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