Pesquisa colombiana promete avanços na cura do Alzheimer

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O Mal de Alzheimer, assim como várias outras demências, ainda é uma incógnita para a medicina. Vire e mexe surgem notícias na mídia, anunciando um novo achado a respeito e a proximidade da descoberta da cura. Para grande parte dos especialistas, alarme falso. Neurologistas e geriatras não nutrem, em sua maioria, grandes ilusões. Podem até acreditar que, mais cedo ou mais tarde, a cura virá, mas não apostam no curto ou mesmo médio prazo.

O geriatra argentino Néstor Carlos Gerztein, radicado no Brasil há 42 anos e com consultório em Belo Horizonte, tem os pés no chão quando trata da cura das demências. Faz restrições até mesmo ao oba-oba, criado nos últimos anos, em relação a novos métodos de prevenção.

Segundo ele, a fórmula é a mesma de sempre, válida não apenas para prevenir doenças degenerativas, mas para promover a qualidade de vida: atividade física, atividade intelectual, alimentação saudável, convívio social etc. etc. etc. A questão central, afirma, é chegar à origem das doenças, sem o que não é possível atingir sua cura.

Ilusões à parte, não se devem desprezar promissores estudos em curso, destacando-se, entre eles, um que está sendo realizado na cidade colombiana de Angostura, na região de Antiquoa, no Nordeste do país.

Angostura tem cerca de 15 mil habitantes, grande parte dos quais possuem uma mutação genética que faz com que o Alzheimer surja em suas vidas muito precocemente, por volta dos 35, 40 anos. Como é uma cidade pequena, muitos casamentos ocorrem entre parentes, o que faz com que enorme parcela dos nativos manifeste a mutação e desenvolva a doença.

A pequena cidade colombiana ostenta a condição de maior concentração de pacientes com Alzheimer precoce no mundo. Por isto mesmo, tornou-se também, para muitos, um símbolo da esperança para a descoberta de sua cura, já que passou a ser palco de importantes pesquisas na área.

Em 2013, teve início na região um estudo clínico com quase 300 pessoas, todas de uma mesma família, para verificar a eficácia de determinado fármaco. Com conclusão prevista para 2022, já se sabe, contudo, que uma única pessoa, uma mulher, hoje com 73 anos, demonstrou resistência à mutação e ao desenvolvimento da doença.

Embora ela apresente, como todos os que têm o Mal de Alzheimer, excesso de concentração de proteína beta-amiloide no cérebro, não aparecem as proteínas tau, segunda condição para a emergência da doença. Estas proteínas impedem que os neurônios se comuniquem, o que pode desencadear sua morte e a perda da memória.

O cérebro dessa mulher, que prefere ficar no anonimato, estabelece conexões diferentes entre as proteínas que interferem no surgimento do Alzheimer, o que impediu a conclusão do ciclo gerador da doença.

Com essa descoberta, o caminho agora é procurar um anticorpo semelhante ou mesmo outra molécula, que reproduzam o mecanismo de proteção que essa senhora desenvolveu, o que poderia abrir espaço para o primeiro tratamento realmente eficaz do Alzheimer hereditário e, talvez, até mesmo do que é chamado esporádico – grande maioria dos casos -, em que o fator hereditário não é evidente.

Enfim, há que se ter esperança, mas com os pés bem fincados no chão.

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