Fórum discute em BH mobilidade urbana e saúde pública

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O casal Marconi Gomes da Silva e Janaína Amorim. Foto - Arquivo pessoal
O casal Marconi Gomes da Silva e Janaína Amorim. Foto - Arquivo pessoal

Em pleno século XXI, falar de qualidade de vida nas cidades e de saúde da população é falar, inevitavelmente, de como as pessoas se locomovem nos grandes centros urbanos.

Se a profusão de automóveis particulares ainda é uma realidade dominante em boa parte do mundo, Brasil incluído, afirmam-se, com velocidade crescente, a partir dos anos 1960, alternativas que visam à promoção do bem-estar físico e mental dos moradores das grandes cidades.

É com este espírito que se comemora, a cada 22 de setembro, o “Dia Mundial sem Carros”, sendo setembro considerado o “Mês da Mobilidade”.

Em Belo Horizonte, um casal de médico/arquiteta resolveu unir suas convicções e suas competências profissionais para impulsionar a realização de um evento que pretende pensar uma BH mais saudável.

Marconi Gomes da Silva, cardiologista, secretário da Associação Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte, que tem a sugestiva sigla Smexe, e Janaína Amorim, arquiteta urbanista, mestranda em Engenharia de Transportes pela UFMG, querem incentivar o diálogo entre profissionais de diferentes áreas afins ao tema, desfragmentá-lo, para, a partir daí, procurar atingir o universo mais amplo possível dos cidadãos belo-horizontinos.

O fórum multidisciplinar “Mobilidade Urbana Ativa e Saúde Pública” acontece na manhã deste sábado, 21 de setembro, na sede da Associação Médica, promotora do evento. Entre os temas em foco, o impacto da mobilidade urbana sobre a saúde, poluição do ar, sedentarismo e mobilidade, segurança no trânsito e responsabilidade do poder público pela construção de uma cidade mais saudável.

Marconi e Janaína têm a consciência de que promover a integração dos diferentes modos de transporte na cidade, priorizando os que implicam exercício físico e secundarizando os que poluem, infernizam o trânsito, consomem enorme tempo e matam muito, é um processo lento e demorado. Têm, contudo, a convicção de que virá para ficar.

Promover a mobilidade ativa exige a implementação de políticas públicas e, simultaneamente, uma mudança cultural, que implica a apropriação do movimento pelos moradores. E mudança cultural exige exemplos. Marconi vai para o consultório e volta para casa, todos os dias, pedalando uma bicicleta, percorrendo um trajeto de 2 km. Na volta, da região hospitalar à Serra, é só subida. “Meu motor é o coração”, afirma, acrescentando que, além da preocupação com a saúde, tem também inspiração filosófica.

A topografia de BH não é, certamente, muito convidativa, mas também não é impeditiva. Para os mais idosos, ou mesmo os menos dispostos, há opções como a bicicleta elétrica e a patinete, além, claro, da velha e boa caminhada. Para trajetos mais longos, é preciso criar serviços integrados, como já acontece em várias cidades da Europa. A pessoa se desloca até certo ponto por conta própria, deixa seu meio de transporte estacionado, quando não está a pé, e pega um transporte público.

Os ganhos futuros serão muitos, com toda certeza, para as diversas gerações. Viveremos mais, com mais prazer e qualidade. Para isso, precisamos plantar a semente desde já, a começar pela educação das crianças, pela proliferação de iniciativas da sociedade civil e por pressionar o Estado a cumprir sua parte.

Campanhas educativas de respeito à velocidade permitida e aos idosos, atravessar a rua de maneira correta, enxergar o pedestre e o ciclista como possuidores de direitos, estas e muitas outras atitudes exigem a conjugação de esforços entre cidadãos e poder público.

Certamente não nos transformaremos em uma Amsterdã – até mesmo porque a topografia não permite -, mas poderemos, nós mesmos e as próximas gerações, viver em cidades muito menos poluentes e muito mais convidativas, em que o dinheiro público economizado na assistência à saúde poderá ser utilizado para a promoção do bem estar coletivo.

Informações sobre o evento pelo telefone (31) 3247-1619.

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