O pão nosso de cada dia

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A famosa Rosca da Rainha, uma tradição da culinária mineira. Imagem - redes sociais
A famosa Rosca da Rainha, uma tradição da culinária mineira. Imagem - redes sociais

Amélie Poulain diria que são tempos difíceis para os sonhadores. E quem sou eu pra discordar? Cada um se vira como pode para driblar o desassossego. Uns leem, outros escrevem. Alguns costuram, bordam, pintam e tecem.

Há também aqueles que admiram a paisagem da janela e ai se descobrem observadores de pássaros. E até mesmo fotógrafos. Mas há aqueles que se refugiam na cozinha. E o que tem de gente fazendo pão não tá no gibi (Meu Deus, de onde é que eu tirei isso? Prefiro pensar que essa volta ao passado é reflexo apenas do confinamento).

Na internet fervilham artigos que tentam explicar o fenômeno e o porquê de tantos “novos padeiros”.

Eu aposto as minhas fichas no perfume que invade a casa quando a massa está no forno. Não descarto, porém, que fazer o pão também tira muita gente do prumo. Separar os ingredientes, preparar a massa, esperar crescer, assá-la e, claro, comer… Jesus ! O que é isso? Experiência divina. Não por acaso, o pão é um alimento sagrado. Está presente na bíblia de forma recorrente.

  • “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede.”
    João 6:32-35

Por aqui, a gente faz pães não é de hoje. Vem de berço. Eu nasci em uma casa que abrigava uma padaria. A morada não existe mais. No local, há um restaurante e uma pousada. A padaria Resende, nosso sustento por um bom tempo, se perpetua apenas nas fotografias e na memória da família.

Fachada da antiga Padaria Rezende, em Conceição do Pará. Foto - arquivo pessoal
Fachada da antiga Padaria Rezende, em Conceição do Pará. Foto – arquivo pessoal

Se você ainda não foi abduzido por essa nova onda, mas anda pensando em se aventurar na panificação, sugiro começar pela nossa Rosca da Rainha. De tempos em tempos a gente se reúne na cozinha pra fazer essa receita que a Mamãe herdou da Vovó, que por sua vez a herdou da nossa Bisavó. A nossa receita vem dos tempos da Fazenda do Macuco. Por lá se produzia tudo. De fora só vinha o sal e o querosene.

Como adoro o pão e a homenagem à realeza, recorri à historiadora Vani Pedrosa para descobrir de onde vem a Rosca da Rainha. Ela conta que esse delicioso pão doce foi criado numa época em que não havia farinha de trigo no país. Um fazendeiro importou o produto e fez a rosca para receber Dom Pedro durante a visita que o imperador fez à então Província das Minas Gerais. A receita original levava óleo de mamona, farinha de trigo, doce de leite na massa, goiabada e creme de manteiga.

Como sou dessas e quero facilitar a sua vida, aqui está a receita completa, obviamente, sem óleo de mamona:

Rosca da Rainha

Ingredientes:

Colocar em uma tigela:
2 e 1/2 xícaras ( chá) de leite;
100 gramas de fermento biológico (dos que se usam em padaria);
1/2 xícara (chá) de açúcar;
2 xícaras ( chá) de farinha de trigo.

Modo de fazer:
Misturar ou bater no liquidificador os ingredientes acima, deixar descansar para crescer.
Depois de bem crescido, juntar os ingredientes abaixo:
6 ovos, batidos ou não na batedeira;
1/2 xícara (chá) de gordura derretida ou óleo;
1/2 xícara (chá) de manteiga ou nata;
sal;
1 xícara (café) de canela;
3 xícaras (chá) de açúcar;
1 e 1/2 kg de farinha de trigo (mais ou menos).
Misturar, amassar bastante, bater e sovar bastante.
Fazer as roscas e rechear a vontade, e deixar crescer.
Assar em forno quente. Quando levar ao forno passar gema batida com café.

Para o recheio:
1 e 1/2 xícaras (chá) de leite
2 colheres (sopa) de manteiga
1 copo (americano) de coco ralado
1 copo (americano) de açúcar refinado
Levar ao fogo.

2 COMMENTS

  1. Lendo a Coluna da Gisele em tempos de confinamento é impossível cumprir a meta de emagrecimento. Ainda mais quando a rosca tem raizes e tradição imperial.

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