Apaixonei-me pelos bistrôs antes mesmo de conhecê-los. Nunca gostei de restaurantes refinados, onde gargalhadas acidentais pudessem ser vistas com maus olhos, em vez de divertir aqueles que partilham o lugar.
Gosto da ideia intimista de ser atendida pelo dono do restaurante e saber que sempre haverá variações no cardápio. Não sou tradicional com os pratos, quase nunca faço o mesmo pedido, mas crio laços afetivos com espaços. Tenho meu bar predileto, minha piscina preferida no clube, uma praia que nunca vou enjoar de visitar.
Neste mês, no dia 23, o Cozinhas Gerais adotou a temática Comida de Bistrô para seu evento. Há tempos queria reproduzir algumas receitas do livro “Receitas de Bistrô” (Casa dos Livros), de Bertrand Auboyneau e François Simon. Comprei esse livro na Leitura, aqui em Uberlândia. Passei horas folheando suas páginas enquanto gastava tempo de um domingo quente que insistia em não findar.
Ontem, me disseram que a livraria vai fechar. Acho que o mundo perde um pouco da magia quando livrarias fecham. É como aquela história do Peter Pan, em que uma fada sempre morre quando uma criança diz que não acredita nelas. Fico com um buraco no peito, imaginando onde mais poderei passar tempo, sem perder tempo.
Livros e bistrô
Em homenagem à Leitura, decidi então colocar em prática mais um dos muitos conhecimentos que ela me proporcionou desde que abriu. É meu jeito carinhoso de agradecer os momentos que vivi lá, como o atendimento sempre certeiro do Luis, o evento de cosplay do Star Wars em que brincamos com uma garotada para recolher alimentos para um orfanato.
Sei que o mercado mudou, que as pessoas têm muitos benefícios em comprar livros pela internet, mas sei lá! Perde a graça. Não sentir cheiro do livro, o toque da página. Ver com calma o trabalho artístico de confecção da capa, contracapa… A gente se acostuma com muita coisa, mas acho que jamais conseguirei comprar livros on-line com a mesma empolgação que tenho em uma livraria.
Então, o texto de hoje é um pouco sobre bistrôs, um pouco sobre livros e livrarias e um pouco sobre a receita inspirada no livro que citei. Uma entrada muito fácil de fazer, adaptada para nossa realidade de consumo. No livro, o título é “Folhado de escargots e timo de vitela”. Quase impossível de achar tais ingredientes, não é? Então, fiz uma adaptação.
Receita de folhado de cogumelos
Ingredientes
- Massa folhada (compre pronta, a Arosa tem uma em rolo excelente)
- 1 gema
- 2 ou 3 bandejas de cogumelos variados (não use em conserva)
- 2 cebolas roxas picadas
- 4 dentes de alho
- 3 colheres de sopa de manteiga sem sal
- 50 ml de vinho branco
- 150 ml de creme de leite fresco
- Sal, pimenta moída na hora e noz-moscada
Modo de fazer
Para os folhados:
Corte a massa em quadrados de 5 cm de lado (na quantidade que desejar para seus convidados). Na metade dos quadrados, faça um quadrado menor de 3 cm de lado.
Para montar, pincele o quadrado “inteiro” com água, e coloque por cima o quadrado “vazado”. Reserve na geladeira.
Pré-aqueça o forno em 200°C.
Misture 1 gema com uma colher de sopa de água e pincele os quadrados (eles vão ficar parecidos com um voul-au-vent). Asse os folhados por 20 minutos e retire-os quando estiverem dourados.
Para o recheio:
Derreta a manteiga, adicione a cebola e mexa até dourar. Acrescente o alho picado. Adicione os cogumelos e refogue por um tempo. Adicione o vinho.
Quando o vinho evaporar, junte o creme de leite. Tempere com sal, pimenta e noz-moscada e cozinhe por 5 minutos. Recheie os folhados ainda mornos e sirva com uma boa salada verde.
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