3 livros de Milton Hatoum que vão além de Dois Irmãos

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Milton Hatoum é autor de Cinzas do Norte

Logo que se fala de Milton Hatoum, a primeira coisa que se vem à cabeça é o livro “Dois Irmãos”. Obra que colocou o escritor no mapa, virou minissérie de TV e até uma bem adaptada HQ, de Fábio Moon e Gabriel Bá.

Mas o escritor manauense é mais do que esse livro, já bem difundido. Esta coluna destacou, nas indicações de romances sobre o período da ditadura militar, a obra “A Noite da Espera”, primeira parte de uma trilogia. Agora, é a vez de indicar três livros que reforçam o talento de Hatoum, todos eles publicados pela Companhia das Letras.

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Relato de um Certo Oriente

O primeiro romance do autor é o livro mais difícil de Hatoum. Ele aplica ourivesaria às palavras. Estamos diante de um romance que procura raízes não só na Manaus do escritor, na herança libanesa, mas também na linguagem. A troca de narradores força a criar múltiplas vozes, modos de expressão. Cada narrador se encontra com um interlocutor, como se fosse uma reprodução de “Mil e Uma Noites” assinada por várias Sherazades.

O ponto de partida é o retorno de uma mulher a Manaus depois de anos, em busca da matriarca Emilie. Vai dialogar com o irmão para reconstruir a família por meio das vozes calcadas no Oriente e no Amazonas. Nessa troca de vozes, Hatoum extrai o primeiro néctar da sua obra, já antecipando um trabalho singular na linguagem e na literatura.

Cinzas do Norte

O melhor livro de Hatoum. É o mais bem escrito, uma aula de literatura, de como usar recursos narrativos, de construção de personagens, ambientação. Seu terceiro livro une as experimentações de “Relato” com a fluidez de “Dois Irmãos”.

Parte novamente de um duo, desta vez, dois amigos, Lavo, o narrador, e Mundo, filho de uma família aristocrática e que tenta confrontar os desejos do rapaz. Lavo se fixou em Manaus para se tornar advogado, enquanto seu amigo, para marcar território em relação ao pai, busca a carreira artística.

Hatoum explora Manaus e seu entorno, num trabalho meticuloso de escolha de palavras, de formatação das frases e de construção de personagens. Insere a luta de gerações, a passagem de bastão da tradição para a modernidade, enquanto no meio surge a ditadura militar e sua nefasta influência.

Das grandes obras da literatura contemporânea.

Órfãos de Eldorado

A novela curta nos põe diante de personagens que habitam a Manaus de sonhos e mitos. Se Amando quer se firmar como grande feitor, seu filho, Arminto, pensa o contrário. Dispensa ser o herdeiro de uma família tradicional da Vila Bela.

No meio da relação entre pai e filho, surge a fauna de personagens que transformam a narrativa num envolvente jogo de reflexos e sonhos. Curta, a novela é para ser lida de uma vez só, tal o encanto que puxa o leitor para dentro de suas páginas.

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Gostou da seleção? Se quiser acrescentar um livro à lista ou sugerir um tema para a coluna, deixe um comentário. Aproveite e leia mais indicações da coluna Bússola.

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