Como sobreviver em tempos de Covid-19, especialmente se o profissional é um artista de rua e não pode ficar em casa, como recomendam as autoridades de saúde? Delmar Teixeira, um músico baiano de 39 anos, encontrou um jeito criativo para continuar o seu trabalho como saxofonista. Ele criou uma cabine musical anticovid, com plástico e PVC, para se proteger e continuar exercendo seu ofício.
Delmar conta que no início da pandemia teve que parar o trabalho por quatro meses, porque temia ser contaminado. O medo aumentou quando ele viu uma prima, de apenas 30 anos, morrer por conta da Covid-19.
Pai de um filho e com a esposa grávida do segundo, o músico começou a pensar em estratégias que pudessem ajudá-lo a continuar tocando seu instrumento para garantir o pão de cada dia. A ideia era criar um dispositivo que fosse capaz de protegê-lo, mas, ao mesmo tempo, que não impedisse seus movimentos para tocar o sax.
PVC e plástico
Inicialmente, pensou em criar uma cabine usando uma estrutura de uma guarda-chuva. Não funcionou. Ai teve ideia de criar uma estrutura de PVC cercada por um plástico transparente. Deu certo. Estava criada a sua cabine musical anticovid. Mas antes de levar sua criação para as ruas, ele conta que teve que treinar bastante em casa para se adaptar.
Com o equipamento, já conseguiu fazer apresentações na cidade de Valença, no sul da Bahia. Mas pode ser visto diariamente executando clássicos da MPB e até internacionais no Corredor da Vitória, um bairro de Salvador.
Mesmo protegido por sua cabine musical, Delmar mantém outros cuidados para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Não abre mão do uso da máscara, que só tira quando está tocando o instrumento, não esquece de usar com frequência o àlcool em gel e prefere deixar para se alimentar em casa.
“Depois que perdi minha prima, fiquei com medo de me alimentar na rua. Então eu saio, ajeito a cabine, tiro minha máscara e não como nada na rua, bebo no máximo uma água, mas daquela que é comprada. Só me alimento em casa”, conta ele.
Reconhecimento do público
Para transportar todo o equipamento, que inclui a cabine, o saxofone e uma caixa de som, o artista usa seu carro. A montagem da cabine musical, que tem um suporte para celular e para máscara, ele faz no local da apresentação.
A criatividade do músico acabou dando uma grande visibilidade ao seu trabalho. Ele já foi entrevistado pelos principais veículos de comunicação da capital baiana e destaca sua satisfação em poder levar, com sua música, um pouco de alegria para as pessoas, nesses tempos sombrios de pandemia.
Delmar tem recebido muitas manifestações de apoio e elogio ao seu trabalho. Numa delas, recebeu uma sacola de pão com um recado especial do doador generoso: “Estou sem dinheiro, mas espero que o senhor aproveite esse pão! Obrigada por trazer vida para a rua. O mundo precisa dos músicos. Deus te abençoe”.
“É gratificante demais estar levando um pouco de suavidade para a vida das pessoas. Eu vejo isso como resposta quando as pessoas passam no carro e fazem um sinal de legal; muitos param e contribuem com o trabalho”, assinala Delmar.
Com informações do G1 Bahia e Portal UOL
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