Moradores lutam para preservar a Serra do Rola Moça

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Manifestante em protesto contra retomada da mineração na Serra do Rola Moça. Fotos - Ilana Lansky
Manifestante em protesto contra retomada da mineração na Serra do Rola Moça. Fotos - Ilana Lansky

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TM-MG) vai decidir amanhã, 28 de janeiro de 2021, o futuro do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, uma das mais importantes áreas verdes no estado, onde estão mananciais de água que são responsáveis pelo abastecimento de 40% da população de Belo Horizonte e municípios da Região Metropolitana.

Os desembargadores vão analisar ação apresentada pelas ONGs Instituto EcoAves e Instituto Guaicuy, que tem o apoio de outras entidades e movimentos de moradores em defesa do parque, em que pedem, em síntese, que a empresa Mineração Geral do Brasil (MGB) seja impedida de retomar um projeto minerário na serra.

“Esse empreendimento vai causar um grande impacto na Serra do Rola Moça. A empresa pede de 6 a 8 anos para executar o projeto de mineração na área, quer construir no parque uma estrada por onde vão passar, de 3 em 3 minutos, caminhões de 37 toneladas, o que vai exigir a supressão de remanescentes da Mata Atlântica, além de poluição visual, sonora e atmosférica”, alerta Vera Baumfeld, do Movimento Rola Moça Resiste.

O movimento foi criado em outubro do ano passado por moradores de Brumadinho/Casa Branca, Nova Lima, Ibirité e Belo Horizonte, para lutar pela preservação da Serra do Rola Moça.

Manifestantes se concentram no Mirante do Veados em protesto contra mineração na Serra do Rola Moça
Manifestantes se concentram no Mirante do Veados em protesto contra mineração na Serra do Rola Moça

O movimento e os responsáveis pela ação esperam, segundo Vera, que o Tribunal de Justiça determine, de imediato, uma vistoria técnica na região para demonstrar que a mineradora MGB está equivocada ao argumentar que para recuperar uma área degradada por um processo minerário anterior, ela precisa voltar com o projeto de mineração.

“Não é necessário minerar para resolver o passivo ambiental da mina anterior. Um projeto de engenharia resolveria”, afirma Vera. Ela ainda ressalta que os moradores de Brumadinho, do distrito de Casa Branca, Nova Lima e Ibirité, ainda impactados pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, dois anos atrás, temem um novo desastre na Serra do Rola Moça se o projeto minerário for retomado. O rompimento da barragem, projeto da empresa Vale, deixou 272 mortos.

Impacto para 5 milhões de pessoas

O Parque Estadual da Serra do Rola Moça é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral criado por lei. O Plano de Manejo e a lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) proíbem qualquer tipo de atividade que faça o uso direto de seus recursos naturais.

Terceiro maior parque em área urbana do Brasil, o Parque Estadual da Serra do Rola Moça tem 52,22 km de perímetro (uma área total de 3.941 hectares), distribuídos entre os municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima.

Em seu interior fluem os cursos d’água Taboão, Rola-Moça, Barreirinho, Barreiro, Mutuca e Catarina, de água pura e cristalina, fundamentais para o abastecimento dos municípios da Região Metropolitana, onde vivem mais de 5 milhões de pessoas.

Portanto, preservar a Serra do Rola Moça não deve ser uma luta apenas dos moradores dos municípios do seu entorno, de ONGs, movimentos sociais e ambientalistas. Deve ser abraçada por todos os habitantes dos 34 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que sofrerão os impactos caso o projeto de mineração na serra seja retomado.

Mobilização

Movimento Rola Moça Resiste relembrou os dois anos do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, que matou 272 pessoas
Movimento Rola Moça Resiste relembrou os dois anos do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, que matou 272 pessoas

No último domingo, um grupo liderado pelo Movimento Rola Moça Resiste realizou uma carreata para chamar a atenção de autoridades, Judiciário, imprensa e a população sobre a importância da luta pela preservação da Serra do Rola Moça. Cerca de 100 carros saíram de Casa Branca, distrito de Brumadinho, e se concentraram no Mirante dos Veados, um ponto estratégico da Serra.

O ato serviu também para lembrar os dois anos do desastre ambiental na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.

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