UFMG desenvolve implante para tratar doenças graves do olho

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Pesquisa feita na UFMG vai tratar doenças graves do olho.
Pesquisa feita na UFMG vai tratar doenças graves do olho

Pesquisadores da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram um implante intraocular que vai ajudar no tratamento de doenças no segmento posterior do olho, como a degeneração macular, a uveíte e a toxoplasmose. Se não forem tratadas de forma adequada, essas doenças podem provocar a perda da visão.

O trabalho foi coordenado pelo professor Armando da Silva Cunha, do Departamento de Produtos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia. Ele conta ao Boas Novas que a pesquisa começou por volta de 2003. Na ocasião, um amigo oftalmologista havia relatado a ele a história de uma paciente de apenas 12 anos que havia perdido a visão por conta de uma doença na parte posterior do olho. “Não havia tratamento adequado”, diz o professor.

De acordo com Armando, doenças que atingem a parte exterior do olho são tratadas com eficiência com colírios ou pomadas, o que não acontece com as enfermidades na área posterior do olho, onde se encontram o vítreo, a retina e a coroide.

Armando decidiu encarar o desafio e iniciar a pesquisa para encontrar uma solução para o problema. Para se qualificar ainda mais para o trabalho, decidiu fazer, em 2005, um pós-doutorado no renomado Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), em Paris. “Os tratamentos convencionais desenvolvidos por empresas multinacionais são muito caros e pouco acessíveis”, diz ele.

Na mesma época em que começou a pesquisa na UFMG, a oftalmologia passou a usar medicamentos injetáveis nos olhos, dando mais eficiência aos tratamentos para algumas doenças. “Mas o problema é que esse tipo de tratamento, que utiliza agulhas, costuma ser doloroso e desconfortável para o paciente. A pessoa, literalmente, toma uma injeção no olho. Daí a ideia de pensar num tratamento mais eficaz,mais tranquilo e mais barato”, explica o professor.

Grão de arroz

Dispositivo que é implantado no olho tem o tamanho de um grão de arroz
Dispositivo que é implantado no olho do paciente para tratar doenças graves tem o tamanho de um grão de arroz

Depois de mais de dez anos de pesquisa, o resultado é um pequeno dispositivo, que mede 0,43 milímetro de diâmetro por 4 milímetros de comprimento, o equivalente a um grão de arroz. Ele é feito do mesmo material usado para fazer suturas em cirurgias e é absorvido pelo organismo.

O dispositivo é introduzido diretamente no corpo vítreo do olho, um procedimento que é feito com anestesia local e dura cerca de cinco minutos. Dentro dele é colocado o medicamento, que vai agir diretamente no problema.

O implante já foi feito em dez pacientes na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), pelo oftalmologista Rodrigo Jorge. A faculdade e a Fundação Ezequiel Dias são parceiras da UFMG na pesquisa.

Em entrevista concedida ao G1 de Ribeirão Preto, o oftalmologista informou que o implante desenvolvido pelo departamento de farmácia da UFMG vai custar quatro vezes menos do que os similares que estão no mercado, que são importados.

A próxima etapa, conforme o professor Armando, é ampliar a pesquisa clínica, realizando o implante em mais 50 pacientes, o que deve ser feito ainda no primeiro semestre deste ano.  O mesmo procedimento, conforme o professor, já está sendo também testado pela medicina veterinária, uma vez que o tratamento de alguns problemas de visão de animais também é complexo.

O departamento de farmácia também está trabalhando, como conta o professor Armando, no desenvolvimento de implantes para a aplicação nos seios da face, para tratar rinites e sinusites crônicas. “A pesquisa ainda vai render muitos frutos”, afirma o professor.

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