Festival retoma a agenda do rock em Barbacena e ajuda instituições locais

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Os organizadores do festival de rock de Barbacena, que leva música de qualidade e solidariedade para instituições da cidade.
Os organizadores do festival de rock de Barbacena, que leva música de qualidade e solidariedade para instituições da cidade. Foto - Divulgação

Festival de música acontece desde 2015 e a cada ano é escolhida uma instituição que recebe ajuda dos organizadores

Barbacena – As idades variam de 26 a 39 anos. As profissões vão de designer a eletricista e técnico de enfermagem, incluindo um luthier, o profissional que constrói e faz manutenção de instrumentos musicais. As turmas de amigos não eram as mesmas. Até dezembro de 2015, quando a paixão pelo rock’n’roll uniu o grupo heterogêneo em torno de um desejo em comum: criar um festival que trouxesse bandas de qualidade à cidade e, enfim, reavivasse a cena underground que movimentou Barbacena há algumas décadas. Mas além da diversão, o evento tem também outro propósito: solidariedade.

Assim nasceu o Pumpk´s Rock Festival, cujo nome faz uma alusão a um dos ícones do rock’n’roll, já que pumpkin significa abóbora em inglês. Em agosto de 2017, em sua segunda edição, o evento reuniu sete bandas mineiras e um público de 360 pessoas para nove horas seguidas de muito heavy metal em uma das casas noturnas mais famosas da cidade. Na plateia, caravanas vindas de Belo Horizonte, Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco, Congonhas e Alto Rio Doce.

“A cena rock já foi muito forte em Barbacena e estava totalmente parada. Quem gosta do ritmo vivia reclamando. Nosso objetivo era fomentar isso”, conta Daniel Oliveira, um dos integrantes da organização. “Nas primeiras conversas, pensávamos em alugar um sitiozinho e colocar nossas próprias bandas para tocar em um tablado. Mas vimos que dava para fazer muito mais e o festival foi tomando sua forma”, completa o colega André Filippe Oliveira.

Cereja do bolo

Da ideia inicial, em dezembro de 2015, à primeira edição, em novembro de 2016, o Pumpk´s foi discutido e formatado em reuniões semanais em um escritório um tanto quanto inusitado: os bancos de uma praça da cidade, nas tradicionais noites geladas de Barbacena. Foi em uma dessas reuniões que Daniel Oliveira chegou com a cereja do bolo: transformar o festival em um evento solidário que beneficiasse, a cada edição, uma instituição local. Técnico em enfermagem, em conversa com um médico ele soube que a Apae de Barbacena passava por dificuldades financeiras e levou a ideia aos amigos.

A Apae foi a primeira instituição beneficiada pela turma do Pumpk´s Rock Festival. Foto – Divulgação

“Topamos na hora. Afinal, assim o festival deixaria de ser uma iniciativa de um grupo fechado, de uma única tribo, e abraçaria a cidade”, explica Leonardo Souza Borges, outro dos organizadores. E lá foi a turma procurar pela diretoria da Apae e acertar a parceria.

Entre tantas necessidades, faltavam biscoitos na associação, e o Pumpk´s, então, começou a delinear seu DNA: na entrada do evento, cada pessoa deveria entregar um pacote de biscoito que seria posteriormente entregue à Apae. O resultado? Foram 310 pessoas presentes na primeira edição do festival, mas a arrecadação somou 1.200 pacotes de biscoito recolhidos na portaria e em pontos de coleta espalhados pela cidade.

Em 2017, ainda no primeiro semestre, os organizadores divulgaram a data e a grade de programação da segunda edição e os perfis de barbacenenses de diferentes idades nas redes sociais foram invadidos pelas artes Eu Vou, bem ao estilo do mais antigo e conhecido festival do país, o Rock In Rio. A organização do evento ganhou mais dois integrantes – hoje são 10 – e novas ideias foram chegando. Escolheram adotar o Lar das Velhinhas, instituição que há 67 anos abriga idosas na cidade.

Viola e bate-papo

Para esta segunda edição, a pegada solidária cresceu. Mais uma vez, houve a coleta de itens para a instituição beneficiada, que solicitou latas de óleo de cozinha. Os integrantes decidiram, ainda, reverter 10% da arrecadação com bilheteria ao Lar das Velhinhas. E a relação com a instituição se estendeu por longos meses. Antes do festival, houve duas visitas dos organizadores. Primeiro, uma tarde de viola e muito bate-papo. A um segundo encontro, levaram estudantes de um curso profissionalizante para cortarem os cabelos das 30 idosas que hoje moram ali.

Lar das Velhinhas de Barbacena foi a segunda instituição que recebeu ajuda do grupo do festival. Foto – Divulgação

No início de setembro, após o festival, foi a vez de uma terceira visita, para entregar os 417 litros de óleo de cozinha arrecadados. Novamente, os estudantes de cabelereiro estiveram presentes e, desta vez, pintaram os cabelos das idosas. “Iniciativas como essas são muito importantes para nós. Vivemos basicamente de apoios que conseguimos na cidade e esses meninos do festival nos ajudaram demais, com as doações e com a presença deles aqui, que alegra a casa”, conta a presidente do Lar das Velhinhas, Magda Furtado.

Para os organizadores, o objetivo ainda não foi 100% alcançado. A ideia, segundo Júlio César de Oliveira Borges, é movimentar o público para que também se envolva com a instituição beneficiada pelo Pumpk´s. “Que as pessoas entendam que doar seu tempo e sua atenção é muitas vezes mais importante que doar produtos”, afirma. E que instituição o Pumpk´s vai ajudar em 2018? As reuniões na praça nas noites geladas de Barbacena é que vão responder. “Até dezembro já teremos escolhido a data da próxima edição e definido todas as novidades, afinal, a abóbora tem que alastrar”, diz Leonardo Borges.

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