Plasma está sendo usado contra Covid em Ribeirão Preto

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Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto iniciaram pesquisa com plasma sanguíneo como possível tratamento para Covid-19- Imagem - Gerd Altmann/Pixabay
Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto iniciaram pesquisa com plasma sanguíneo como possível tratamento para Covid-19- Imagem - Gerd Altmann/Pixabay

Um grupo de 45 pacientes do Hemocentro de Ribeirão Preto já está recebendo plasma sanguíneo com anticorpos que combatem o novo coronavírus. Os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) esperam que a transfusão de anticorpos produzidos por pacientes curados da Covid-19 possa se tornar uma alternativa de tratamento para casos moderados e graves da doença.

A técnica, que é conhecida como transferência passiva de imunidade, está sendo testada em vários países, como China, França, Itália e Estados Unidos. “Ainda não temos vacinas ou medicamentos aprovados para a Covid-19 e, por isso, é importante testar essa estratégia. Vamos verificar se a transferência de anticorpos é segura e se auxilia na neutralização do vírus e, portanto, na recuperação da doença”, diz professor Rodrigo Calado, coordenador do estudo.

Segundo o especialista, que é pesquisador do Centro de Terapia Celular da USP em Ribeirão Preto, infecções virais como a causada pelo coronavírus tendem a ativar o sistema imunológico do paciente infectado.

O professor Rodrigo Calado é o coordenador da pesquisa que está sendo feita pela USP de Ribeirão Preto - Foto - USP-Diculgação
O professor Rodrigo Calado é o coordenador da pesquisa que está sendo feita pela USP de Ribeirão Preto – Foto – USP-Diculgação

Comissão de ética aprova projeto

Quando reconhecem a presença do vírus, as células de defesa começam a produzir anticorpos (proteínas secretadas por linfócitos) que têm a função de neutralizar o patógeno. “Dependendo da pessoa, essa resposta pode levar entre sete e 20 dias até que seja produzida uma quantidade suficiente de anticorpos para eliminar o vírus”, explica Calado.

Por isso, o estudo realizado no Hemocentro de Ribeirão Preto vai levar em conta o tempo da doença. Nos testes, a transfusão de plasma deve ocorrer no máximo até o sétimo dia da infecção, caso haja sinais de que o quadro irá se agravar. “A doença tem duas fases: uma de propagação do vírus e outra de muita inflamação. A transfusão do plasma tem de ser antes do agravamento da inflamação, para que os anticorpos doados possam atuar diretamente no vírus”, assinala o professor.

O projeto teve a aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e o Hemocentro de Ribeirão Preto já está coletando plasma de doadores curados de Covid-19. Pesquisas semelhantes estão sendo feitas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas, na Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, e também nos hospitais Albert Einstei e Sírio-Libanês

A intenção é trocar experiência e saberes entre todos que conduzem pesquisas sobre o uso do plasma para combater a Covid. “É interessante unirmos forças nesse momento. Estamos conversando com outros centros de pesquisa, temos experiência em rodar ensaios clínicos e podemos auxiliar com esse conhecimento”, afirma o professor Calado.

Ele afirma ainda que é importante aumentar o número de pacientes testados para que se tenha uma resposta mais robusta sobre a segurança e eficácia dessa estratégia para casos de Covid-19.

Técnica antiga

O uso da técnica de transferência passiva de imunidade não é novo na ciência. Foi desenvolvida em 1891 para o tratamento de difteria – doença que na época matava muitas pessoas e para a qual não havia vacina – e rendeu a seu criador, Emil von Behring, o Prêmio Nobel de Medicina em 1901. Mais recentemente, a estratégia também foi usada na epidemia de SARS, em 2002, e em casos de varicela zoster.

No Brasil, a aplicação mais comum do método é o soro antiofídico. Nesse caso, anticorpos produzidos por cavalos expostos ao veneno são transferidos para pacientes picados por cobras. Diferentemente do experimento realizado com Covid-19, no caso do soro antiofídico os anticorpos neutralizam o veneno da cobra e não um vírus.

O professor Calado ressalta, porém, que embora a técnica já tenha sido usada com sucesso para tratar outras doenças, é preciso verificar se no caso da Covid-19 a transfusão de plasma diminui a mortalidade e também se é segura.

Com Agência Fapesp
 

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