Chip de papel e celular, nova arma para detectar vírus

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Chip de papel e um celular agora conseguem identificar, de forma rápida e barata, o norovírus, que é altamente contagioso. Foto -
Chip de papel e um celular agora conseguem identificar, de forma rápida e barata, o norovírus, que é altamente contagioso. Foto -

Pesquisadores da Universidade do Arizona (EUA) criaram método simples e barato para detectar o norovírus, altamente contagioso, usando um chip de papel e um telefone celular

Alguém deve ter ouvido uma história de que num determinado cruzeiro, dezenas de passareiros do navio foram vítimas de uma intoxicação alimentar. Ou que algo parecido aconteceu numa escola, num hospital ou mesmo em outros ambientes fechados com grande concentração de pessoas. Muito provavelmente essa intoxicação foi provocado pelo tal do norovírus, um vírus de alta capacidade infecciosa e de resistência.

Pois uma equipe de pesquisadores da Universidade do Arizona (EUA) criou um método simples, portátil e barato para detectar o norovírus, mesmo quando sua ocorrência se dá em níveis extremamente baixos. Os principais componentes do método são papel e um telefone celular.

A base do novo método é uma tecnologia chamada microfluídica, a mesma usada nos biochips. Biochips são minúsculos laboratórios de análises clínicas do tamanho de um chip de computador, que prometem revolucionar o diagnóstico de doenças, permitindo que os exames laboratoriais sejam feitos no consultório médico e até mesmo em casa.

Hoje, já existem dispositivos para detectar norovírus em pequenas quantidades. Mas eles exigem um ambiente de laboratório com uma série de microscópios, lasers e espectrômetros, além de pessoal especializado e custam caro.

Com o novo método que usa papel e celular, é possível detectar o norovírus em campo – como num navio de cruzeiro, por exemplo, numa escola ou em poços de água que atendem uma determinada comunidade ou município.

“O substrato do papel é muito barato, fácil de armazenar e podemos fabricar esses chips com facilidade. A estrutura fibrosa do papel também permite que o líquido flua espontaneamente sem usar o sistema de bombeamento que outros chips, como os chips de silício, geralmente exigem,” explica o professor Jeong-Yeol Yoon, um dos responsáveis pelo novo método.

Como funciona

Para detectar o vírus, o processo começa com a adição de água potencialmente contaminada a uma extremidade de um chip microfluídico de papel. Na outra extremidade, são adicionadas pequenas esferas de poliestireno fluorescente, cada uma delas anexada a um anticorpo contra o norovírus. Se o norovírus estiver presente, vários anticorpos se ligam a cada partícula do vírus, criando um pequeno grupo de esferas fluorescentes.

Esses aglomerados de contas são grandes o suficiente para um microscópio de celular detectar e fotografar. Em seguida, um aplicativo no telefone conta o número de píxeis iluminados na imagem para identificar o número de contas agregadas e, então, calcula o número de partículas de norovírus na amostra. Apenas 10 partículas do vírus podem causar doenças em humanos, como a intoxicação alimentar.

O componente mais caro de todo o dispositivo – o microscópio para celular – custa menos de US$ 50 (algo em torno de R$ 200) e é simples de usar. “Você não precisa ser um cientista ou engenheiro para fazer o dispositivo funcionar,” ressalta o professor Yoon. “A análise será feita automaticamente pelo aplicativo para celular, então você só precisa se preocupar em colocar a amostra de água no chip”.

Os exames feitos com folha de papel estão se disseminando devido ao seu baixo custo e rapidez com que os resultados são liberados. Hoje, já existem adesivos para monitorar a glicose, testes para detectar zika e exames de DNA.

O norovírus

O norovírus é um tipo de vírus redondo e pequeno com alta capacidade infecciosa e de resistência, ou seja, é capaz de permanecer em superfícies nas quais a pessoa infectada teve contato, facilitando a transmissão para outras pessoas.

Ele pode ser encontrado em alimentos e água contaminados e é um dos principais responsáveis pela gastroenterite viral nos adultos, diferentemente do rotavírus, que infecta mais frequentemente bebês.

É possível que existam surtos dessa doença em ambientes fechados, como navios, escolas e hospitais, por exemplo, já que não há outros meio de propagação do vírus sem ser o organismo humano. Por isso, profissionais de saúde recomendam lavar bem as mãos e evitar ficar no mesmo ambiente que a pessoa infectada.

Com informações do Diário da Saúde

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