Comida Santa

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A Última Ceia, de Leonardo da Vinci - Reprodução
A Última Ceia, de Leonardo da Vinci - Reprodução

– Menina, não jogue comida fora! Nada de deixar comida no prato! Alimento é sagrado! 

Levante o dedo aí quem nunca ouviu esse conselho da mãe, dos avós, dos tios, tias e agregados? Só que a gente ouve, entende, mas não apreende. Uma infinidade de estudos mostra que enquanto mais de 815 milhões de pessoas sofrem de fome crônica no mundo, um terço dos alimentos produzidos no planeta são desperdiçados. No Brasil não é diferente.

Quer saber? Comida é sagrada, sim. É santa. Está na Bíblia. Há 57 versículos no Livro Sagrado que citam especiarias, frutas, legumes, sementes, grãos, peixes, aves, carnes. Há muitos outros alimentos, a maioria, presente em nossa lista de compras. Ou você vai me dizer que nunca usou coentro? Ah, tá bom! Coentro não é um bom exemplo. Falta unanimidade.  Mas e a canela, o cominho, a mostarda e a hortelã?  E o alho e sal, essa, sim, dupla de sucesso em qualquer cozinha?

Na Bíblia, estamos todos representados, especialmente quem passa longe das gorduras e de outros pecadinhos da gula. A pesquisadora Mary Fairchild, em artigo publicado no site Learn religions, relata que alguns dos alimentos mais saudáveis e conhecidos da atualidade já faziam parte da dieta bíblica. Quer exemplos? Azeitonas, azeite, romãs, uvas, leite de cabra, mel, cordeiro e ervas amargas, como a chicória e o almeirão.

A maçã, aquela mesma que a Eva usou para seduzir o Adão, é lembrada nos Cânticos de Salomão. As amêndoas também estão lá, assim como os figos, as uvas, os melões, romãs e as passas. A dieta do tempo de Jesus ainda incluía as já citadas azeitonas, nozes de pistaches, além de cereais. Cevada, milho e trigo, principalmente. Estão lembrados da Última Ceia? Pois, é! Naquele momento solene, Jesus partiu o pão e o deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai todos e comei: isto é o meu Corpo que será entregue por vós”.

No Livro Sagrado são frequentes as citações aos laticínios, como manteiga, queijo, coalhada e leite. A Bíblia também faz referência ao mel, aos ovos, ao azeite e ao vinagre, alimentos e bebidas que, hoje, sabe-se, contêm nutrientes que combatem várias doenças e aumentam a energia, construtores de defesa contra alergias, além de serem suporte a pró-bióticos.

– E naquele tempo ninguém comia peixe, carne e nem bebia? Todo mundo era natureba e abstêmio?

Na, na, ni, na, não! Bebiam, sim! Ou você se esqueceu que Jesus, em uma das mais famosas passagens bíblicas, transformou a água em vinho? Pois, é!

– E quanto às carnes e peixes?

Alguns tipos de peixes e de frutos do mar eram permitidos. Quanto às carnes, eram permitidas somente aquelas que tinham como origem animais que ruminavam e que tinham o casco fendido, como bezerros, cabras, cordeiros, bois, ovelhas e veados. Já, as aves – galinha, perdiz, pombo e codorna eram liberadas para o consumo, por serem consideradas carnes limpas.

A Bíblia ainda traz referências a alimentos considerados sobrenaturais, iguarias que incluíam até carne humana. Acredita, não? Está em Deuteronômio 28: 53-57. E não é só isso. No texto sagrado há outras citações de comidas estranhas ao nosso paladar. Conhece o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e da Árvore da Vida? E a poeira de ouro, o pão milagroso e a água no deserto? Ah, tem também os bolos de anjo, a dieta animal a base de grama, o pão, a carne de corvos e gafanhotos. Vai encarar? Melhor, não, né?

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