Vacina contra dengue terá tecnologia brasileira

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Vacina contra dengue tem tecnologia brasileira

O Instituto Butantan assinou um contrato de transferência tecnológica com a empresa norte-americana do setor farmacêutico Merck Sharp and Dhome (MSD) para desenvolvimento e comercialização no exterior de vacina contra dengue. O acordo tem pagamento inicial de US$ 25 milhões, o que o coloca como o maior do gênero firmado pela indústria farmacêutica brasileira.

O Butantan poderá receber até US$ 101 milhões, com a conquista de marcos relacionados ao desenvolvimento e à comercialização da vacina experimental do MSD, além de royalties sobre as vendas. Esse valor será investido em pesquisa e na produção de vacinas pelo órgão, vinculado à Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.

Um apoio não reembolsável no valor de R$ 120 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) permitiu ao Instituto Butantan desenvolver a vacina contra a dengue, que está na fase 3 de pesquisa clínica — etapa de testes em humanos, a última antes da solicitação de registro. Com o financiamento do banco, o instituto desenvolveu também um processo inovador de liofilização, com patente concedida em diversos países do mundo.

A liofilização transforma a vacina em pó, para ser reconstituída no momento da aplicação. Esse processo reduz o custo de armazenagem, ao mesmo tempo em que facilita seu transporte, beneficiando mais pessoas, especialmente as que moram em regiões mais longínquas.

O acordo garante exclusividade de exploração no Brasil, o que permitirá que a vacina seja disponibilizada gratuitamente à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Aposta da saúde

A vacina contra a dengue desenvolvida no Instituto Butantan é uma grande aposta da saúde em nível mundial, uma vez que está sendo desenvolvida para prevenir os quatro subtipos do vírus da doença (1,2,3 e 4). A vacina deverá ser indicada para pessoas de 2 a 59 anos de idade, com eficácia também em pessoas que não tiveram a doença anteriormente.

Tão logo essa fase seja concluída, o instituto pedirá registro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que ela possa ser disponibilizada à população. De acordo com informação do Instituto Butantan, a fase 3 do estudo clínico foi iniciada em 2016 e ocorre em 14 centros de pesquisa clínica, distribuídos nas cinco regiões do país. Cerca de 17 mil voluntários participam dos testes.

Dengue

O vírus da dengue é uma das principais causas de doença e morte nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. A doença é considerada endêmica em pelo menos 100 países da Ásia, Pacífico, Américas, África e Caribe. Cerca de 2,5 bilhões de pessoas, ou o equivalente a 40% da população mundial, vivem em áreas onde há risco de transmissão da dengue.

A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que entre 50 milhões a 100 milhões de infecções sintomáticas ocorrem a cada ano no mundo, resultando em até 20 mil mortes, principalmente entre crianças.

O Brasil é considerado um dos países mais afetados pela doença, com milhões de casos nos últimos 10 anos. O maior número de casos foi registrado em 2015, com 1,6 milhão de registros da doença e 863 óbitos. Em 2018, foram contabilizados até agosto mais de 187 mil casos.

Com informações da Agência Brasil

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