Prazer e responsabilidade: uma rota para chegar ao robalo

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A receita da semana é um robalo com lentilhas

Meu título ficou parecendo conversa familiar sobre o início da vida sexual de jovens, mas prometo que vamos falar de cozinha (rs). Não sei se vocês sabem, mas sou bióloga de formação e estou na etapa final do meu mestrado em Ecologia. Trabalho com populações de camarões de água doce e tenho profunda paixão por ambientes aquáticos.

Nesta semana, assisti ao documentário “Blue” (Triste Oceano) () e fiquei profundamente tocada com a pesca clandestina de tubarões apenas para aproveitamento das barbatanas (na Ásia) e de atuns. Lembro de comer cação quando criança e assumi como postura trocar essa iguaria por outras. É preciso criar uma postura ativa e consciente quando ainda é possível fazer algo pela manutenção das espécies, se não por uma questão ideológica, que seja pelo desejo de permanecer viva a possibilidade de incluir esse alimento em nossa cultura durante os tempos futuros.

A pesca de baleia foi proibida em um acordo internacional e tem-se obtido resultados bem animadores de recuperação numérica das populações de muitas espécies (não todas, infelizmente). Hoje, já existe uma pesquisa avançada sobre como manejar populações de uso comercial e é fundamental que nos atentemos a isso.

Algumas espécies desempenham papel chave na conservação de ecossistemas marinhos. Elas regulam as populações e permitem um equilíbrio dinâmico entre todas as espécies. De acordo com informações do Programa Marinho da WWF, podemos citar como espécies chaves (tubarões e raias, budões, atuns, toninhas) e também as aves (atobás e fragatas)

Risco de extinção

No caso específico dos atuns, sua produção em cativeiro não se dá em estágio completo, pois os animais não se reproduzem nesse modelo. Como não há reprodução, apenas engorda, se não forem respeitadas as dinâmicas populacionais das espécies exploradas durante a pesca para engorda, com o tempo, as populações tendem a se tornar inviáveis geneticamente e podem ser extintas em determinadas regiões e até mesmo de forma definitiva no planeta.

Sou uma defensora convicta da cultura alimentar e quero conhecer o máximo possível que esse planeta pode me proporcionar de experiência, mas para isso é FUNDAMENTAL que tenhamos responsabilidade ao consumir. Assim, o texto de hoje reúne algumas dicas que podem te ajudar:

  • Respeite o período de defeso (fase de reprodução dos animais que varia de espécie para espécie). Cito o defeso de algumas espécies (confira outros animais no site do Ibama):
    • Camarão: 15 de novembro a 15 de janeiro e 1º de abril a 31 de maio
    • Lagosta: 1º de dezembro a 31 de maio. Além disso, para evitar a venda de filhotes, há um tamanho mínimo: lagostas vermelhas não podem ser vendidas com menos de 13 cm de cauda inferior e lagostas cabo verde não podem ser vendidas com menos de 11 cm de cauda inferior (confira aqui o tamanho mínimo para outras espécies)
    • Robalo: 1º de maio a 31 de julho
    • Sardinha: 1º de novembro a 15 de fevereiro e 15 de junho a 31 de julho
    • Mexilhão: 1º de setembro a 31 de dezembro
    • Marlin: proibido desde 2005, porque é ameaçado de extinção. Se for capturado um acidentalmente, ele deverá ser solto (se sobreviver) ou doado a uma instituição científica (caso não sobreviva)
  • Compre peixes de comércios com licenças ambientais (em MG é fornecida pelo IEF)

E quem dá as outras dicas é o WWF:

Vamos comer peixes, crustáceos e moluscos, mas vamos fazer isso com consciência para que nossos filhos e netos também possam aproveitar dos mesmos prazeres que nós

A receita de hoje é de um peixe que pode ser comprado esse mês (robalo) e foi apresentada pelo blog Tá na Mesa.

Robalo com lentilhas

Rendimento: 6 porções

Ingredientes:

  • 500 g de lentilhas verdes
  • 2 cebolas picadas grandes
  • 2 alhos-poros
  • 2 cenouras picadas
  • 1 xícara (chá) de azeite de oliva
  • 6 fatias de pão de forma cortadas em cubos e torradas
  • 2 colheres (sopa) de alcaparras lavadas e secas
  • 2 tomates picados em cubos sem pele e sem sementes
  • 8 tranches (150 g cada) de robalo (ou namorado) sem pele
  • Sal e pimenta-do-reino a gosto
  • 2 colheres (sopa) de manteiga

Modo de fazer

  • Cozinhe as lentilhas com a cebola, o alho-poro e a cenoura por 15 minutos
  • Retire os vegetais e passe a lentilha na água fria para parar o cozimento. Escorra
  • Aqueça a metade do azeite e frite o pão. Misture as alcaparras e os tomates. Mantenha quente
  • Tempere o peixe com sal e pimenta e grelhe em metade do azeite em frigideira grossa antiaderente. Cuidado para não passar do ponto
  • Refogue as lentilhas na manteiga e tempere com sal
  • Sirva o peixe em uma travessa sobre lentilhas. Salpique as alcaparras com tomates e os croûtons

*****

Quer ler as outras receitas e crônicas da Marina? Então visite a página do Cozinhas Gerais! Vamos trocar receitas e histórias? Agora, se quiser outra receita de robalo, dê uma olhada nesta que leva crosta de baru e musseline de moranga.

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