Sobre uma noite de primavera

Não sei você,  mas eu sou dessas que entra em abstinência total quando termino de maratonar uma série. E se for “dorama”, então? Surto total.

Surtada ou não, preciso falar sobre “One Spring night”, na versão para o português, ” Uma noite de primavera”.

A história é lindinha. Será que lindinha tem a ver com bobinha? Ah, não importa. O que interessa é que amei.

A história começa quando, em um dia qualquer da semana, a mocinha, Lee Jeong-in (Han Ji-min) acorda atrasada para o trabalho.
Ressaqueada , a bibliotecária decide entrar numa farmácia. Mas não fique aí pensando que é uma farmácia qualquer. Entre frascos e comprimidos, a senhorita Jeong-in encontra o grande amor de sua vida. Nada mais, nada menos que o farmacêutico Yoo Ji-ho (Jung Hae in). A paixão entre os dois florescerá (ops! ) numa noite de primavera. Daí o título da série. Os sentimentos por Ji-ho vão crescendo. E o desgaste do seu longo relacionamento com o então noivo Ki-seok faz com que ela termine com ele para viver um novo amor com Ji-ho.

Se a história mexeu comigo? Mexeu. Sou uma romântica sem rédeas. Tem também a questão comportamental. A diferença entre as culturas é gritante. Os relacionamentos afetivos entre orientais são muito sutis. De uma forma geral,  nos doramas, o mocinho só vai pegar na mão da mocinha lá pelo meio da série. E os abraços, então? Super respeitosos. Os corpos mal se tocam. Quanto aos beijos, aguarde o último episódio. Ah, são muito técnicos. Nada a ver com novelas, séries e filmes made in Brasil. Vai ver que é a neve, o frio. Já no calor dos trópicos …

Outra coisa: na Ásia, muitos casamentos ainda são acordados entre os pais. Chamam de chungmae. Em alguns casos os noivos só se conhecem pós-acordo. Você aceitaria isso? Eu, nunquinha da Silva Bicalho Resende.

E qual é o problema do objeto da paixão ser pai solteiro? Por aqui, há pais solteiros aos montes. E haja candidatas a noiva. Pensando bem, acho que saltei essa fase. Enfim, em “Uma noite de primavera” o noivo é pai solteiro e aí, meu Deus! Dá-lhe lágrimas. Tudo embalado por uma trilha sonora que tem tudo a ver. Amei especialmente “No direction”. Já foi pra minha playlist.

Mas nem tudo é diferente. Há pontos convergentes. Confesso que me reconheci inteira em vários. Todos comem muito e o tempo inteiro. Não que eu coma tanto assim. Mas é que por aqui, mesa você já sabe, né?

Aqui em casa a gente cozinha e come porque está feliz; cozinha e come porque a vida está “more or less”;  e também cozinha e come muuuito pra esquecer quando o mundo nos dá uns “chega pra lá”.

Voltando às séries coreanas, problemas a vista? Vamos jantar. E haja lamen pra dar conta. Crise amorosa? Nada com um bom café pra resolver. Pra comemorar a vitória no basquete ou afogar as mágoas porque o divórcio é inevitável, que tal  litros de cerveja e pilhas de garrafas de sakê. Nada que a gente não conheça, né mesmo?

Ah, temos outro ponto em comum. As personagens femininas são fortes e independentes. Isso lhe diz alguma coisa?

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Nota da Redação: A série “One Spring night” pode ser assistida na Netflix.