Nem macetei, mas fiquei de perna bamba

Cinza. A cor é ótima. Neutra. Segundo os fashionistas fica bem com tudo. Se vista por outros olhares é uma cor imparcial e sem emoção. Precisa ser combinada e para dar vida às composições pede tons mais vibrantes. Muitas pessoas chegam à relacionar o cinza com o tédio, depressão e com a monotonia.

Pois, então! É que por aqui, no pós-Carnaval o ambiente ficou meio cinza. O Conceição Folia se foi. E com ele todos as possibilidades de viver como se não houvesse amanhã. E num passe de mágica eis que estamos de volta ao mundo real. Inevitável.

E depois do Carnaval o que vem? A Quaresma. São quarenta dias de penitência absoluta (ou quase). Todo ano é a mesma coisa. Nessa época eu me prometo um monte de coisas. Tudo para purgar os pecados a que me atribuo. Na verdade, nem acho que peco tanto assim, mas quem sou eu pra me eximir de culpas, né mesmo? Deixo essa tarefa para quem tem poder de fato. Tô falando do dono dessa coisa toda. Vai que lá nos campos do Senhor tem VAR. Se tiver só me resta fazer promessas que nem sempre cumpro (ops!).

Quer um exemplo? Durante quarenta dias não vou beber. Adeus uísque, soju, cerveja … Raríssimas vezes deu certo. Nesse caso tenho atenuantes. É que depois do Carnaval vem o aniversário da Lorena, da Gabriela, da Sofia, da Gilda … ? E ai não tem jeito né? Sou “obrigada” a brindar à vida delas. Será que Deus perdoa? A conferir.
Mas voltando ao xis da questão, a Quarta-Feira de Cinzas é como se fosse um rito de passagem. A imposição de cinzas demonstra a intenção do fiel de se manter no caminho da devoção. Mas também demonstra o caráter transitório do ser humano na Terra. Lembra a nós, pobres mortais, que, conforme a tradição cristã diz, do pó o homem veio e ao pó o homem voltará.

Melhor não me ater a isso. Por enquanto, como ser vivente, vou pulgar meus pecados, sim. Mas também vou festejar os reencontros que esse Carnaval me permitiu. Lembrando que a Patrícia, que mora pertinho de Londres, estava bem aqui, a alguns passos de um abraço; a Cris, a Dulce e a Ana Paula, que estão logo ali em Divinópolis, também me acolheram em intermináveis momentos de alegria. Tem a Margarete, a Marileia e o Teraldo, que num piscar de olhos se teletransportaram de Beagá para Conceição do Pará. Isso sem falar dos nativos que resistem aos apelos da cidade grande e não arrancam pé daqui, né mesmo Marcelo, Zé Vander e Beatriz Rezende?

E num meio da folia, entre uma música e outra, não faltaram boas histórias. A Beatriz Leite, uma querida mezzo irmã, mezzo amiga, me falou sobre momentos que viveu com meu irmão Oswaldinho. E teve uma pessoa – não me perguntem o nome porque eu não tenho a menor ideia de quem seja – que me encontrou no meio da multidão e soltou essa:
– Você se lembra de fulano de tal? Pois, então? Casou! Mas já se separou. Não durou nada.
E do jeito que chegou, se foi. Foi tudo tão repentino que não deu nem tempo pra aquele comentário sem pé nem cabeça de quem não tem nada a dizer. Coisas do Carnaval.

E olhe que ainda nem comentei sobre os hits deste ano. Algo entre “macetando” e “tô de perna bamba”. Na dúvida, fico no “eu vou tomar um tacacá, dançar, curtir, ficar de boa …”

Mas é assim mesmo. Como diria a Vovó Cocota, são outros tempos.