Qual é a sua “madeleine de Proust”?

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As famosas madeleine francesas. Imagem - redes sociais
As famosas madeleine francesas. Imagem - redes sociais

Vira e mexe me vejo diante do desafio da folha em branco. No caso, da tela vazia. Nesses momentos um comentário do João Ricardo faz o maior sentido:

  • Tia Gisele, não sei de onde a senhora tira tanto assunto.

Quer saber? Nem eu. Mas nem sempre é assim. Há momentos, como hoje por exemplo, que a tela vazia se apresenta como um deserto de palavras. Todas fogem de mim.
Se por um lado na tela em branco há uma infinidade de possibilidades, por outro há o desafio de tirar alguma coisa dessa cabeça que anda oca, esvaziada de tudo. Ihhh! Será que esse esvaziamento tem a ver com o verbo “desesperançar”? Epa! Melhor não. Te esconjuro três vezes. Sai pra lá, coisa ruim! Deus é maior.

Pensando bem e fazendo o jogo do contente essa tela em branco pode não ser de todo ruim. Vai ver é um recadinho divino. Quem sabe alguém que a gente sabe quem está soprando aqui no meu ouvido: “há muito a dizer. Que basta começar.” Como agora.

Mas como cutucar a memória? Como despertar lembranças? Quer saber? Pra engatar a marcha nada melhor que o olfato. Pelo menos comigo funciona assim. Ja usei desse expediente antes. Cheiro sempre me traz lembrança boa. E se vier da cozinha, então? Haja memória dos tempos da delicadeza. Há perfume melhor que o de bolo saindo do forno? E de biscoitinhos então? Têm tudo a ver com infância, com família, com mesa farta. Cheiros de bolo e de biscoito são as minhas “madeleines de Proust”.

Epaaa! Tá bom! Vou explicar o que é essa tal “madeleine de Proust”. Há algum tempo a Vênus Poça publicou no grupo Segredos de Paris que na França a capacidade de ser transportada a locais, épocas e momentos pelos cheiros é conhecida como “Efeito Proust”. Uma homenagem ao escritor francês Marcel Proust.

Isso porque na obra “Em Busca do Tempo Perdido” bastava a personagem molhar a madeleine em uma xícara de chá para se recordar de todo o seu passado.

Assim, na França, graças ao sucesso do livro de Proust, a madeleine ganhou estatus de símbolo nacional e se tornou uma metáfora recorrente entre os falantes da língua. Por isso, se você estiver por lá, não se espante ao ouvir um francês dizer que o cheiro de lavanda é a “madeleine de Proust” dela. A explicação é simples: o biscoitinho molhado no chá remete a pessoa à sua infância no campo, por exemplo. Ou “eu sempre tomo chocolate quente quando estou triste. É a minha “madeleine de Proust“.

Uai! E num é que as palavras voltaram. Que felicidade! Sejam muito bem vindos queridos sujeito, verbo e predicado! Obrigada por se abrigarem na minha tela vazia.

Ah, ainda sobre a madeleine, essa delicinha é um bolinho esponja em formato de concha. Leva ovos e raspas de limão na massa. É figurinha fácil no café da manhã das crianças e em encontros vespertinos por toda a França.
E quanto a você? Qual é a sua “madeleine de Proust”? Tô super curiosa. Conta pra mim.

3 COMMENTS

  1. Se deu certo com a personagem de Proust. Certamente dara certo com você. Enquanto vc se delicia com as madeleines nós nos fartaremos com os seus escritos. Obrigada sempre!

  2. Difícil de acreditar que você tenha dificuldades para escrever, pois sempre está postando coisas interessantes….haja imaginação ☺️
    Adoro esse bolinho 😋

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