O milagre dos peixes

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Imagem de Riad Mannan - Pixabay
Imagem de Riad Mannan - Pixabay

Gosto muito de gente. Isso é um fato. Na verdade, sou uma apaixonada por pessoas. Até já me estrepei por causa desse meu amor sem limites. Mas, sou assim mesmo. Se não aprendi até agora a separar o joio do trigo, desista. Não há mudança à vista.

Não sei quem é o autor da frase, mas li em algum lugar que gente assim como nós, que gosta sem reservas, é porque acredita na força dos sentimentos bons, na energia positiva e na colheita dos sonhos que sempre chegam pelas mãos de quem semeia o bem.  Vista por esse ângulo, a verdade é que um dia desses colhi mais uma pessoinha que, acredito, seja desse jeitinho.

Dessa vez, garanto, não teve erro. Essa pessoa é amável, generosa, engraçada e cheia de histórias para contar. A família dele é que nem a minha. Um celeiro de causos. O avô é a referência maior. Entrou muito jovem no mercado de trabalho. Começou como faxineiro na Prefeitura da capital. Com esse ofício criou a família e se formou em Direito na Universidade de Itaúna. Trabalhava o dia todo. Finalizada a jornada na PBH e ainda viajava mais de 100 quilômetros para estudar.

(Pausa para os aplausos.)

O pai também é uma peça. Meu mais novo amigo de infância me contou que quando jovem o pai trabalhou em uma empresa. Uma de suas tarefas era esquentar a marmita dos colegas. Mexe daqui, esquenta dali, ele logo constatou que se em algumas havia carne, em outras, nem sinal da iguaria. Foi aí que ele decidiu por conta própria repartir o pão. No caso, a proteina.

(Mais aplausos)

Se o bife era grande, um pedaço ia para a outra marmita; se havia duas coxas de frango, uma desaparecia sem deixar sinal. E o peixe, então? Por ali acontecia o milagre da multiplicação.

Mas como toda boa história também tem um “lado B”, numa dessas trocas um trabalhador estranhou a novidade na marmita dele:

  • De onde veio esse peixe? Lá em casa quem vai ao supermercado sou eu. E não tô lembrado de ter comprado peixe. O preço tá pela hora da morte. Minha mulher vai ter que me explicar de onde saiu dinheiro pra esse luxo todo.

Não se sabe o que a esposa respondeu. O certo é que as trocas continuaram por um bom tempo. Só parou quando o pai trocou de setor e de função.

A propósito, por falar em marmitas lembrei que a Rita Lobo preparou uma temporada no “Cozinha Prática” só sobre a bonita. Todos de dar água na boca. Uma deles é o Strogonoff . Ou você vai me dizer que não gosta dessa delícia que tem sabor e jeito de comidinha  de casa? Segue a receita.

Strogonoff
Imgredientes:

1 bife de miolo de alcatra (cerca de 150 g)
100 g de cogumelos-de-paris frescos
½ cebola pequena
1 dente de alho
1 xícara (chá) de creme de leite fresco
½ colher (sopa) de extrato de tomate
½ colher (sopa) de ketchup
1 colher (sopa) de molho inglês
½ colher (sopa) de conhaque
1 colher (sopa) de azeite
sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Modo de fazer

  1. Corte o bife em tirinhas (de 7 cm x 1 cm), transfira para uma tigela e mantenha em temperatura ambiente – a carne não pode estar gelada na hora de dourar. Enquanto isso, prepare os outros ingredientes.
  2. Numa tábua, corte os cogumelos-de-paris em 3 fatias e reserve (se preferir, você pode usar champignon em conserva, mas o resultado não será o mesmo). Descasque e pique fino a cebola e o alho.
  3. Leve ao fogo médio uma panela pequena. Quando aquecer, regue com ½ colher (sopa) de azeite, junte as tirinhas da carne e deixe dourar. Tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto e mexa aos poucos para que dourem por igual.
  4. Transfira a carne para uma tigela e mantenha a panela em fogo médio. Regue com o restante do azeite e adicione a cebola. Refogue até murchar por cerca de 3 minutos, raspando bem o fundo da panela – os queimadinhos da carne são essenciais para dar sabor ao preparo. Junte o alho e mexa por apenas 1 minuto para perfumar.
  5. Acrescente o extrato de tomate, o ketchup e mexa bem. Volte a carne dourada à panela, adicione o molho inglês e o conhaque. Junte os cogumelos e misture delicadamente.
  6. Regue com o creme de leite, misture e deixe cozinhar em fogo médio, mexendo de vez em quando, até o molho engrossar – isso leva cerca de 5 minutos depois que começar a ferver.
  7. Desligue o fogo, prove e acerte o sal. Sirva a seguir com arroz branco e batata palha.

Na marmita, a batata palha deve ser levada num recipiente separado. É para não umedecer com o molho do estrogonofe.

3 COMMENTS

  1. Olá, Gisele. Como vai?

    Sabe, aqui em casa, todo sábado e domingo é dia de pão de queijo. Somos apaixonados pela iguaria mineira, tradicional em Campo Belo (cidade dos meus pais) nos cafés da manhã, da tarde, lanches e o que mais a imaginação permitir.

    Aqui reunimos no sábado e domingo, no café da manhã, para uma boa prosa com pão de queijo.

    Ficamos contando os dias para chegar o sábado. E se ocorre um sábado sem o pão de queijo, damos um jeito e saímos para comprar em algum lugar. Afinal, coisa boa, a gente espera.

    E não foi que ontem fiquei assim pelo seu texto? Acostumei que toda sexta-feira era dia de uma publicação nova e ela não apareceu no meu Whats.

    Disse a mim mesma que iria te perguntar hoje o que aconteceu. Mas, quando acordei para o meu café de sábado (com pão de queijo, claro), eis que surgiu, como um milagre, o seu post aqui no Whats.

    Que seus textos se multipliquem como a multiplicação dos pães e peixes. Coisas boas existem para serem compartilhadas.

    Um grande abraço de quem te quer muito bem!

    Jana🌻

  2. Aplausos para você minha querida!!!Sempre me alegrando com seus causos e sua eterna sensibilidade!!!Obrigada Gi!

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