Ser feliz é deixar Deus acontecer

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A felicidade, segundo Mia Couto, consiste num fazer nada: “ser-se feliz é apenas deixar Deus acontecer”. Guimarães Rosa, não por acaso fonte de inspiração de Mia, garante que essa tal de felicidade acontece mesmo “é nas horinhas de descuido”. E quer saber? É isso mesmo. Fecho com os dois. Quando menos se espera, de forma despretensiosa, lá está ela, a obra de Deus, essa tal da felicidade a enfeitar a nossa vida.

Ouso dizer que o inverso também acontece. A gente tá no ritmo, vivendo do jeito que Deus quer, quando menos se espera, o mundo real despenca e atinge em cheio a nossa cabeça. Aí é um tal de apara daqui, corrige e conserta dali, até que a vida entre nos eixos e tudo “volte a ser como dantes no quartel dos Abrantes”. E ainda há quem desdenhe e reclame da rotina. Eu, não. Santa rotina!

E foi numa dessas horinhas de descuido que nos vimos dentro do caos. Mas foi aí que a mágica novamente se fez. Por causa desse atropelo a felicidade se revelou num inusitado e inesperado encontro de irmãos. E o que era caótico virou um remexer de memórias. E foi lá do fundo do baú que alguém resgatou algo que nos assombrava na infância.

  • Vocês ainda têm medo de engolir semente de laranja? Questionou a Lulu, emendando a pergunta com a razão do seu temor.
  • Eu pensava a semente germinando. Dela brotaria uma laranjeira que iria crescer dentro da minha barriga. E se a barriga roncava aí é que eu ficava incomodada. Ficava imaginado os galhos, as folhas e os frutos invadindo o interior do meu corpo.

Gilda, maratonista que emenda uma série na outra, logo remeteu a ” Grey’s Anatomy:

  • Uai, vi isso num dos episódios. Os médicos descobriram uma semente em germinação dentro do pulmão de um paciente. Esse era, aliás, o motivo da tosse que o incomodava há tempos.

Ficção ou realidade, o certo é que esse causo logo rendeu outro.

  • Sempre que comia peixe tinha a sensação que ele nadava dentro da minha barriga. Podia até senti-lo se movendo dentro de mim.
  • E o chicletes? Lembrou a Denise.

Quase coro comentamos:

  • É mesmo. A mamãe dizia que a gente não podia engolir porque o chicletes grudaria no estômago da gente.

Lulu lembrou de um caso recente que ainda nos assombra.

  • Não dá pra esquecer quando a Bebela mordeu um pequi e ficou com a boca igual a de um porco espinho. Vivemos um sufoco com esse episódio. Tentamos de tudo para retirar os espinhos. Até que chegou a nossa Dra. Jássia e lá se foram, retirados habilmente, um a um com uma pinça e a lanterna de um celular.

Conversa vai, conversa vem, lembramos que dias depois comentamos com outro amigo médico sobre o nosso temor. E se a Bebela tivesse engolido alguns espinhos? E se os danadinhos saíssem furando tudo o que encontrassem pela frente: estômago, intestino … ?

  • Não se preocupem, tranquilizou o amigo médico. O ácido que existe no estômago se encarregaria de dissolvê-los.

Papo encerrado. Vida que segue. Com espinhos, atropelos e, felizmente, com momentos de felicidade revelados nas muitas horinhas de descuido, todos, certamente, orquestrados pelas mãos de Deus.

6 COMMENTS

  1. Boa hora de encontro das irmãs, depois, logo depois de um grande sufoco. Uma das belezas da vida, símbolo de felicidade, é o amor de família, amor de irmãs, amor verdadeiro que não se interrompe, como água de cachoeira, corredeira, biquinha, sempre em movimento, capaz de unir oxigênio e hidrogênio em volume constante, capaz de molhar e lavar a alma de amor e sonho. Amo vcs todas!

  2. Tudo que você disse é verdade! A vida de vez em quando nos prega cada peça!!! O interessante é que você com sua escrita, suas receitas, sua família, etc….faz mágica. Mágicas que tornam a vida de seus leitores mais felizes. Obrigada querida 😘❤️

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