Para comemorar um grande feito, suflê de chocolate

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Cozinhas Gerais apresenta sua receita de suflê de chocolate

“Para quem faz do sonho a vida, e da cultura em estufa das suas sensações uma religião e uma política, para esse, o primeiro passo, o que acusa na alma que ele deu o primeiro passo, é o sentir as coisas mínimas extraordinária e desmedidamente… Saber pôr numa chávena de chá a volúpia extrema que o homem normal só pode encontrar nas grandes alegrias que vem da ambição subitamente satisfeita toda ou das saudades de repente desaparecidas, ou então nos atos finais e carnais de amor” (Fernando Pessoa)

Fernando Pessoa sendo, como sempre, pontual, direto, certeiro. Seus textos parecem traduzir parte de minhas angústias e sensações mais íntimas. Até ontem, nunca senti ter feito nada grandioso (além do fato de sobreviver neste mundo, é claro!). Para uma mulher que sempre se interessou por ciência, literatura, arte e cinema, minhas ambições para a definição de “grandioso” sempre foram altas, e como adaptar-se é condição única da vida, aprendi a reconhecer em pequenas coisas aquilo que eu só escuto falar sobre o feito dos outros.

Não se enganem! Um simples feijão pode ser seu paraíso ou seu inferno. Uma xícara de café expresso bem tirado, uma fotografia única, as frases bem escolhidas para pedir perdão. Recentemente, descobri meu primeiro feito grandioso, e como todo grande feito, se deu com a ajuda de alguém. Um bebê cresce em meu ventre e não há nada mais próximo da ideia de divindade que a oportunidade de dar continuidade a vida.

Já tentei traduzir essa emoção num cardápio para compor um dos menus literários que tenho promovido em casa, mas a maternidade tem me deixado apenas um gosto doce nos lábios. Somente sobremesas me vem à cabeça. Não que esse sabor seja doce no sentido idealizado da maternidade, mas, talvez por uma razão evolutiva, meu corpo queira me encher de carboidratos.

Neste domingo, cozinhei com Juju, minha prima-sobrinha, a criança que há oito anos tem me lembrado, semanalmente, da existência de minhas células uterinas e que se refere a mim, gentilmente, como sua “tia maluquinha”. Durante o preparo dos pratos, conversamos sobre política, sobre justiça, sobre intolerância. Sim! Nossas crianças têm esse tipo de interesse.

E, ao fim do dia, ela me pediu para fazermos uma sobremesa juntas. Obviamente, a única certeza que tínhamos é que chocolate deveria estar envolvido. Duas ansiosas cozinhando juntas descartaram todas as receitas que exigiam congelamento, resfriamento. Nosso desejo deveria ser saciado de imediato. Sem muitas delongas, decidimos por um suflê de chocolate.

Há quem considere o suflê um feito grandioso. Eu particularmente concordo. Sendo assim, trago a vocês dois grandes feitos: o bebê e o suflê! Ponto para mim e para Juju!

Receita do suflê de chocolate

  • 100 g de chocolate amargo (entre 60% e 70% de cacau)
  • 60 g de manteiga em temperatura ambiente
  • 50 g de açúcar refinado
  • 2 gemas
  • 3 claras de ovos
  • 40g de cacau em pó
  • Manteiga e açúcar demerara (ou cristal) para untar e polvilhar os ramequins

Pré-aqueça o forno em 200°C, unte os ramequins com manteiga e açúcar e, enquanto isso, derreta o chocolate picado em banho-maria.

Junte ao chocolate (já derretido) a manteiga e o cacau em pó (peneirado). Reserve. Peneire as gemas e adicione na mistura assim que o chocolate amornar. Bata as claras em neve e adicione o açúcar aos poucos. Junte as claras ao chocolate.

Misture sempre de baixo para cima, delicadamente, para conservar a aeração das claras.
Coloque a mistura nos ramequins e asse por aproximadamente 8 minutos.

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