A despeito de serem doenças devastadoras, progressivas e ainda sem cura no horizonte, as demências, além dos medicamentos disponíveis, encontram na fisioterapia um adversário que não pode ser desprezado. Não é um adversário capaz de derrotá-las, mas pode combater, ainda que com muitos limites, algumas de suas consequências no plano da cognição e das capacidades físicas e motoras dos pacientes.
Diversas técnicas de exercícios cerebrais têm sido testadas em pessoas demenciadas. Nas fases iniciais da doença, são comuns as técnicas de repetição e treinamento, que partem do princípio de que os exercícios podem promover uma melhora global no funcionamento da memória. Os resultados, contudo, não são animadores.
Já quando os exercícios visam alguma habilidade específica e são realizados no contexto em que tal habilidade será posteriormente utilizada, os resultados são positivos. Procura-se atacar uma dificuldade determinada, ligada a um procedimento que terá que ser enfrentado novamente pelo paciente.
A eficácia maior da fisioterapia, no entanto, se dá no plano das alterações motoras. O objetivo é o de promover a máxima funcionalidade e independência do paciente, durante o maior tempo possível.
Os distúrbios de equilíbrio e a redução da força muscular, muito comuns nos idosos, de maneira geral, são bastante acentuados naqueles que apresentam algum tipo de demência, reduzindo, de maneira significativa, sua autonomia e a capacidade de exercer as atividades da vida diária. O medo de cair, por exemplo, muitas vezes se transforma em pânico, fazendo com que muitas pessoas abdiquem de caminhar, ainda que tenham capacidade física para tal.
Os exercícios físicos regulares, associados à fisioterapia, têm impacto não apenas na capacidade física das pessoas demenciadas, mas também no terreno da cognição, retardando as perdas. Para serem eficazes, devem levar em conta as singularidades de cada paciente, como acentua o fisioterapeuta Diego Freitas.
A intervenção deve ser adaptada à pessoa, às suas capacidades motoras, às suas limitações e fase da demência. No caso dos pacientes demenciados, salienta que a abordagem deve ser mais lúdica, já que eles não obedecem a comandos. Jamais devem ser infantilizados, alerta Diego. O profissional deve brincar, ser carinhoso, estimular. O paciente deve se sentir incluído, sujeito ativo do tratamento, mesmo com suas limitações cognitivas.
Não se deve, portanto, menosprezar a fisioterapia em pacientes demenciados. Ela pode ajudar a melhorar o equilíbrio e a marcha, prevenir quedas – muitas vezes fatais – e, em determinado estágio da doença, até mesmo melhorar a cognição.