A esclerose múltipla já não é um bicho-papão

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Essa doença é terrível! Não tem cura!

É comum ouvirmos frases como estas, e elas se aplicam também à esclerose múltipla. O que muita gente não se dá conta, contudo, é que, com frequência, doenças que ainda envolvem certo mistério já podem ser controladas, e que os avanços na medicina e na indústria farmacêutica conseguem assegurar vida longa e com qualidade para seus pacientes.

É o caso da esclerose múltipla, doença autoimune que atinge principalmente pessoas abaixo dos 40 anos, sobretudo mulheres, e que, sem controle, pode levar ao comprometimento, maior ou menor, temporário ou definitivo, de muitas funções, como equilíbrio e coordenação motora, visuais, emocionais, cognitivas e sexuais.

Uma mudança conceitual no tratamento, ocorrida nos últimos anos, tem trazido alento a enorme contingente de pacientes, afirma o Dr. Drusus Perez Marques, presidente da Sociedade Mineira de Neurologia. O foco, até recentemente, era, segundo ele, controlar e prevenir surtos, com sucesso em 30% a 70% dos casos. Hoje, é controlar a crônica inflamação cerebral que caracteriza a doença e assegurar que ela tenha atividade zero, ou seja, ausência de surtos.

Os surtos, quando ocorrem, costumam impactar o paciente por uma semana ou mais, geralmente deixando algum déficit. Começam a surgir depois de 15, 20 anos que a inflamação vai, progressiva e silenciosamente, atingindo o corpo da pessoa, mesmo sem ela saber que tem a doença. Sem controle, aumenta a sua frequência e, como consequência, as incapacidades deles resultantes, até mesmo de ordem mental, em estágios mais avançados.

Os medicamentos de última geração, baseados na nova concepção de tratamento, contudo, têm apresentado resultados extraordinários, reduzindo drasticamente os surtos e a inflamação crônica no cérebro, sustenta o neurologista.

Ele cita, a título de exemplo, o fumarato de dimetila, aplicado por via oral, e a ocrelizumabe e a alentuzumabe, drogas venosas, todos liberados e em comercialização no Brasil depois de 2015. No caso dos últimos, uma dose mensal, semestral ou até mesmo uma única dose em toda a vida pode conter a doença, dependendo de seu perfil e do paciente.

A eficácia desses e de outros medicamentos tem sido comprovada não apenas através da percepção dos pacientes, como também via realização, de tempos em tempo, de exames de ressonância magnética, que evidenciam a paralisação no processo de afinamento do córtex cerebral.

Resta à sociedade, e não apenas aos pacientes, assimilar os enormes avanços no tratamento dessa e de inúmeras outras enfermidades, eliminando o estigma que se abate sobre aqueles que as possuem.

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