Roupa inteligente? Ela já existe e promete revolução

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Modelo de roupa inteligente criado pelo professor Mário, da USP São Carlos, e seus alunos. Fotos - Divulgação - Assessoria de Comunicação ICMC
Modelo de roupa inteligente criado pelo professor Mário, da USP São Carlos, e seus alunos. Fotos - Divulgação - Assessoria de Comunicação ICMC

Já imaginou se a roupa que você veste servisse também para monitorar a sua saúde, fosse sustentável e pudesse mudar de forma com a mera troca de um software? Essa roupa inteligente, que pode ser também chamada de moda cibernética, já existe e não deve demorar muito a chegar ao mercado brasileiro.

Ela foi desenvolvida pelo professor Mário Gazziro, pós-doutorado pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da UPS de São Carlos, em parceria com seus alunos, e já foi exibida em quatro protótipos num desfile realizado na universidade.

O professor conta, em entrevista que concedeu à rádio USP, que a iniciativa começou a ganhar corpo após sugestão da aluna Carolina Cerne, do curso de Ciências Exatas, que já tinha uma experiência com moda. Foi, então, desenvolvido um primeiro protótipo, que fazia o monitoramento cardíaco da usuária.

O projeto acabou ganhando visibilidade, como revela o professor, e foram criados outros quatro modelos com mais funções, todos embasados em ficção científica e inspirados nos livros do escritor americano Willian Gibson. A trama dos livros do escritor é construída em um futuro distópico, onde há baixa qualidade de vida, mas os níveis tecnológicos são muito altos e acessíveis.

Ficção científica

Croquis de roupas inteligentes criadas pelo professor Mário e seus alunos
Croquis de roupas inteligentes criadas pelo professor Mário e seus alunos

“O modo como nossa sociedade tem evoluído demonstra o caráter profético das obras, que foram escritas ainda nos anos 80. Não é incomum, hoje em dia, haver lugares em que existe acesso a redes sem fio rápidas em locais ainda sem saneamento básico, por exemplo”, declarou o professor Mário ao jornal da USP.

As roupas, explica o professor, funcionam por meio de sensores eletrônicos e centenas de micro LEDs que são conectados por uma rede mesh – uma espécie de rede de dados sem fio, assim como o Wi-Fi, mas em frequência diferente e com maior capacidade de alcance.

O modelo inteligente pode ser usado, por exemplo, para monitorar o esforço físico do usuário, identificando, por exemplo, se um paciente que estiver fazendo fisioterapia está executando corretamente os exercícios; ou para ajudar deficientes visuais a identificar mais facilmente obstáculos.

Modelos desfilam com roupas inteligentes criadas pelo professor Mário e seus alunos
Modelos desfilam com roupas inteligentes criadas pelo professor Mário e seus alunos

Outra grande atração das roupas inteligentes é a possibilidade de que ela mude de forma apenas com a troca de um software, o que representaria uma economia substancial para o consumidor e uma grande ajuda ao meio ambiente. Conforme matéria feita pela BBC Brasil, o poliéster é a fibra sintética mais usada na indústria têxtil atualmente. Para ser produzido, são necessários 70 milhões de barris de petróleo anualmente e o material demora cerca de 200 anos para se decompor.

“Ao invés de a pessoa trocar a peça inteira da roupa, ela poderia apenas trocar pelo software da moda. Essa realidade pode ser distante, mas essa interação sensorial é uma tendência para essa futura realidade, ainda mais quando se pensa em todo apelo sustentável que já existe hoje em dia”, comenta o professor Mário.

Conforme o professor, ele já está trabalhando, juntamente com o Instituto de Artes da Unicamp, já preparando roupas para chegar ao guarda-roupa das pessoas. Segundo ele, a demanda por essa roupa inteligente é grande. Ele cita como potencial interessado a comunidade vegana, que preza muito pelo uso de roupas reaproveitáveis e que não agridam o meio ambiente.

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