Educação em troca de punição: o bom exemplo do Chelsea

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Chelsea leva torcedores racistas a conhecerem campos de concentração

Em tempos de pouco entendimento sobre a história e seus efeitos e do uso de palavras fora de seu sentido, o Chelsea, da Inglaterra, marca um golaço, desses que é para aplaudir de pé. O clube de Londres envia torcedores racistas para conhecer o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, ao invés de simplesmente impor o banimento deles do estádio. Naquele triste cenário, os torcedores antissemitas passam por cursos para entender melhor sobre o que andam gritando na arquibancada.

O clube promove ações de conscientização desse tipo desde o início deste ano, como parte da campanha “Chelsea contra o Antissemitismo”, mas o trabalho chamou ainda mais atenção nesta semana, quando o jornal “The Guardian” deu uma notícia sobre a ação depois de o clube fazer o pré-lançamento, no Parlamento, em Londres, de um filme que tem como objetivo ampliar a consciência sobre as consequências do antissemitismo.

Para isso, intercalou imagens de cânticos ofensivos e posts em diversas mídias com cenas do Holocausto. No evento, o objetivo do Chelsea era um só: contribuir para a melhora da sociedade.

O fato de o proprietário do clube, o russo Roman Abramovich, ser judeu, ajuda bastante no desenvolvimento dessa iniciativa. O pensamento do Chelsea é que, se simplesmente banir os torcedores, jamais será possível mudar o comportamento deles. De acordo com Bruce Buck, chairman do clube londrino, o que acontecia antes era errado – os responsáveis pelos cânticos racistas eram retirados do estádio e poderiam ficar até três anos impedidos de voltar para as arquibancadas.

Com ações desse tipo, o clube é didático e explica os motivos pelos quais o torcedor errou e dá a ele a opção de ser banido ou passar um tempo fazendo diversas atividades e entendendo o que o fez ser punido. Em abril, o clube enviou um grupo de 150 pessoas para Auschwitz durante a Marcha pela Vida, por exemplo. Entre eles, funcionários e torcedores. Para a direção do Chelsea, a visita ao campo de concentração é efetiva e leva as pessoas a considerarem melhor o que afeta as outras pessoas.

Campanha

As ações começaram em janeiro deste ano com o objetivo não só de educar os torcedores, mas também jogadores e funcionários, o que certamente causa efeitos na sociedade em geral, considerando a popularidade do Chelsea não só na Inglaterra como em todo o mundo.

Em seu site, o Chelsea diz ter orgulho de ser parte de um clube recheado de diversidade, lembrando que jogadores, torcedores, funcionários e visitantes são de origem diversas. O texto diz também que o clube quer que todos se sintam seguros, valorizados e incluídos.

O clube não entrou nessa história de brincadeira e trabalha com diversas organizações e entidades, como a Casa de Anne Frank, o Museu Judeu e o Congresso Mundial Judeu, com direito a um comitê de experts que estão acompanhando e ajudando no desenvolvimento da campanha. Todos, claro, com capacidade de ajudar a criar a consciência sobre o impacto que o antissemitismo causa entre os judeus.

Exemplo

Claro que o excelente exemplo do Chelsea tem chance de ser replicado em outros gigantes da Premier League e, tomara, que saia do continente europeu para atingir de uma certa forma torcedores de clubes do Brasil, cada vez mais intolerantes e que replicam em seus cânticos preconceitos sem imaginar o efeito que isso causa em certos grupos. E mais do que isso, sem saber a origem.

A história foi escrita e está lá, em alguns lugares pavorosos, para ser vista, entendida e, oxalá, jamais repetida.

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