A proposta desta coluna é indicar, a cada semana, três livros de um determinado tema. Livros que podem se agrupar em um assunto, uma expressão, uma ideia. E que fujam das listas dos mais vendidos e das resenhas publicadas com frequência em jornais, revistas e blogs.
Nesta semana, indico três livros que tratam do período da ditatura militar no Brasil.
Cabo de Guerra, de Ivone Benedetti
Neste livro, Ivone Benedetti mergulha na ditadura militar. Com orelha assinada por Bernardo Kucinski, “Cabo de Guerra” (Boitempo) se passa na pior fase da regime, final dos anos 60, início dos 70. Ela cartografa a São Paulo daquela época para contar a história de um rapaz que se transforma em “cachorro”, designação para quem mudava de lado – neste caso, um ex-militante de esquerda que vai parar nos porões da ditadura troca de posição, ação que implica inflitração e espionagem.
K., de B. Kucinski
“K.”, lançado em 2011 pela pequena Expressão Popular, foi finalista dos principais prêmios literários. Depois de ser reeditado pela Cosac Naify, agora, chega pela Companhia das Letras. A prosa de Kucinski mantém laços fortes com a realidade. No romance, um pai se lança num procura labiríntica atrás da filha e do genro desaparecidos. Bate na porta de generais, de grupos de apoio, sempre com pistas falsas. Descobre no meio do caminho que a filha era casada e que talvez estivesse envolvida com a resistência.
A Noite da Espera, de Milton Hatoum
“A Noite da Espera” (Companhia das Letras) tem pouco mais de 200 páginas, todas elas de capítulos curtos, narrados por um Martim exilado na França, lembrando da sua passagem por Brasília, por meio de relatos ou cartas. Aqui, estamos na capital federal na época de chumbo, mas também um pouco em Paris, São Paulo, Santos, Goiânia e algumas cidades de Minas Gerais. Não há mais a Manaus de Hatoum nem a herança libanesa se faz presente.
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