Retalhos de tecidos, garrafas pet, telas de construção, banners, faixas de anúncios, tampinhas de garrafas, espelhos quebrados, arames e folhas usadas de caderno, papel reciclado, madeira, saco de linhagem, câmara de ar de pneus, filtros usados de café, lacres de latinhas, embalagens Tetra Pak. O que é possível fazer com todos esses materiais? Uma resposta óbvia seria jogar no lixo. Mas um grupo de jovens estilistas de Belo Horizonte, com o apoio da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), decidiu transformou essa tranqueira em moda.
O resultado do trabalho será apresentado hoje, a partir das 20h, no Museu da Moda, num desfile de abertura do projeto Gari Fashion. Mas os trabalhos ficarão expostos como uma das atividades em comemoração aos 45 anos da SLU e poderão ser visitados a partir de amanhã e até o dia 2 de setembro, de terça a sexta-feira, das 9h às 21h, e aos sábados e domingos, das 10h às 14h. A entrada é gratuita.
“Pecados Intrínsecos”
A coleção recebeu o nome de “Pecados Intrínsecos” e apresenta looks e acessórios criados por alunas e ex-alunas do curso de moda da Sala Atelier, orientado pela professora de moda Paula de Oliveira Silva e pela designer de moda Jackeline Benfica. A chefe do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização da SLU, Ana Paula da Costa Assunção, explica que a nova coleção explora a relação entre a moda e o futuro, associados aos pecados capitais (luxúria, gula, avareza, ira, vaidade, inveja e preguiça) e às virtudes (humildade, simplicidade, dignidade, respeito, fortaleza, humor e amor).
“Os modelos foram confeccionados com tecidos de sobras da indústria da moda, além de materiais recicláveis coletados em galpões de catadores”, conta ela. A ideia, de acordo com Ana Paula, é evidenciar o desperdício e os “pecados” sociais cometidos pelas pessoas na destinação de resíduos e incentivar a reutilização, de modo criativo e funcional, daquilo que se transformaria em lixo.
Projeto Gari Fashion
O Projeto Gari Fashion da SLU, que já está na sua quinta edição, promove o debate sobre moda sustentável, incentiva e valoriza o trabalho do catador de materiais recicláveis e do gari, bem como apresenta coleções que remontam o dia a dia desse profissional, repensando o desperdício e apresentando soluções de reaproveitamento.
O primeiro desfile, “A moda agora é não sujar”, aconteceu no Museu Histórico Abílio Barreto, em 1999, e contou com peças assinadas pelos estilistas mineiros Ronaldo Fraga, Jotta Syballena, Martielo Toledo e Adalgisa Duque.
A segunda versão, “Gari Fashion 2012”, realizada no Centro Mineiro de Referência em Resíduos, promoveu um concurso, mobilizando estudantes de estilismo, moda e vestuário da capital mineira.
Em 2014, a iniciativa contou com duas atividades: o desfile “Gari Fashion” e a exposição “Gari Cult – Gari Fashion”, na Virada Cultural de BH. Os looks foram criados pelas estilistas Iara Mari e Jackeline Benfica, vencedoras do concurso de 2012.
Em 2017, nos 120 anos de Belo Horizonte, os modelos integraram a exposição “Stilo Limpeza Urbana – Gari Fashion, uma alternativa criativa para se repensar o desperdício”, no Museu da Moda de Belo Horizonte e no Boulevard Shopping.