Ninguém larga a mão de ninguém

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Mãos solidárias - Imagem Pixabay
Mãos solidárias - Imagem Pixabay

Março é sempre assim. Chovem poemas, citações e textos sobre as mulheres. A maioria exalta a nossa força, a nossa entrega, o nosso desprendimento. Exemplos da mulher dita “perfeita” tem pra todo gosto.

Mas, confesso, desde o ano passado, não importa o que escrevam ou digam, continuo apegada a um texto publicado pela Érica Toledo. O relato, uma preciosidade, trata sobre as mulheres que alinhavaram a história da família dela.

Nesse texto, Érica deixa um recado: “não se pode subestimar o que as mães retransmitem da mãe que tiveram. Para o bem e para o mal. Há dores que não podemos evitar e que podemos até escolher viver.

Permanecer e suportar também pode ser sabedoria, construção. Mas me custou muito entender essa medida. É que o amor sem medida da mãe dita o funcionamento do nosso mundo de forma desproporcional. Carga afetiva demais. E a gente abraça a herança de forma absoluta (…)”

Querem saber? Eu me vejo inteira nesse texto. Enxergo minhas irmãs e sobrinhas também. Nós, as mulheres da família Bicalho Resende nos alimentamos da memória, da cultura e do cuidado herdados de nossa mãe, que por sua vez os herdou de nossa avó, que os herdou de nossa bisavó … E por aí vai. Séculos de ancestralidade norteando a nossa vida.

Só depois de ler a Erica me dei conta da dor e da delícia dessas nossas entregas diárias. Sabe aquela história de “se dar por inteiro”? Do amor sem medida citado pela Érica? Pois, é!  Somos especialistas. Verdadeiro “delivery de amor”. Se a gente gosta, meu Deus! Não há freio que nos segure.

Ai, você vai dizer:

  • Ah, isso é porque essas meninas da família do Seu Osvaldo são passionais demais. Puxaram a Dona Nely.

Quer saber?  Somos à imagem e semelhança dela. Frequentemente ouço ex-alunos comentando sobre esse lado esquentado e ao mesmo tempo doce da nossa mãe.

  • Dona Nely era fogo. Não deixava pra depois. Mas também era muito amorosa.

Somos assim? Poucos vão discordar. Diria que somos passionais ao extremo. E se é pra ir à luta, ninguém nos segura. Vamos em bando.  Por aqui, é aquela história. Se chamou pra briga ninguém larga a mão de ninguém. A causa de uma é a causa de todas. Se é preciso endurecer, a gente endurece, “mas sem perder a ternura jamais”. Essa frase atribuída a Che Guevara – há controvérsias- cabe direitinho nesse nosso jeitinho duro mas nem tanto. Mamãe diria que não somos nem tanto ao mar nem tanto à terra. De anjos e demônios todo mundo tem um pouco, né mesmo? A gente não foge à regra.

Ah, não deixem de ler o texto da Érica. Basta acessar sanguinea.com.br

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