Um gambá cheira o outro

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Imagem - Pixabay
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Gosto da surpresa dos gestos amorosos. Nada de combinações, nada de datas. Sem essa de calendário. A exceção, é claro, fica para o Natal e para o aniversário. Mas, tenho que confessar a minha preguiça pra “dia disso”, pra “dia daquilo”.

Sou da turma que aprecia os encontros inesperados. Já abriu a porta de sua casa no meio da tarde e se deixou encantar com a generosidade da oferta do biscoito quentinho? Acomodados no cesto vêm um colo acolhedor, um ombro amigo e uma seleção de sorrisos de comercial de pasta de dente.

Tem também aquela pessoa que viaja para o exterior e de além-mar lhe manda recadinhos in box só pra saber se você está bem.

Tem o outro que deixa mensagens amorosos no celular e aquele que insiste que a taça de vinho é um excelente revigorante .

  • Vai lhe fazer muito bem, assegura, com a certeza de um cardiologista da alma.

Ah, e aquele que diz se inspirar em você para falar sobre o que sente? Ah, não gente, meu coração quase que explode de tanto amor que carrego por esses queridos.

E aquele outro que anda preocupado e está sempre de olho no LinkedIn.

  • Hoje eu vi uma vaga que é a sua cara. Gracinha, dele, né? O mar não tá mesmo pra peixe. Emprego não anda dando sopa por aí.

É, Gisele!  É preciso muita calma nessa alma para dar conta de tanto carinho.

Mas porque estou alugando seus olhos e ouvidos com tudo isso? Uai, é porque gentileza não cai do céu. Preciso ser grata aos gestos amorosos, às mensagens, às referências e os convites que chegam despretensiosamente. Ou você vai me dizer que nunca foi “sequestrada” para um almoço com um cardápio digno de um chef estrelado? Qual menu? Uai, amizade, amor e afeto. Simples assim.

Ah, ja sei. Você deve estar ai no maior bate-papo com seus botões:

  • Essa Gisele deve estar aí achando que todo mundo tá no mesmo barco que ela. Que todo mundo vive cercada de pessoas do bem. Em que mundo essa maluca vive? Eu, heim?

Tô maluca, não. Até concordo. Só que em partes. Tá certo que criei uma barreira de lealdade a generosidade em torno de mim. Nesse cercadinho só tem vez quem é do bem. E antes que eu me esqueça, sai pra lá, coisa ruim!

Mas discordo da parte que você pensa que é privilégio meu. Né, nada! O bem atrai o bem. Pratique e fique de olho. Você tá tão focado. Fica aí defendendo a tese que nem todo mundo nasceu virado pra lua que não percebeu a dica preciosa que eu lhe dei.  Acabei de lhe revelar um segredinho guardado a sete chaves. Vai por mim. Se você é da turma da empatia não tem erro. Já ouviu dizer que um gambá cheira o outro? Pois, é! Vale tanto para o bem quanto pro mal. Acredite.

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