Tenho certeza que você tem visto e ouvido muita gente nostálgica por ai.
– Ah, no meu tempo não era assim. Havia respeito uns pelos outros.
Sabe o que eu acho mesmo? Isso não tem nada a ver com o tempo. Tem a ver, sim, com a falta de amor. E ai eu fico me perguntando: quando é mesmo que a gente desaprendeu a amar?
Não me refiro apenas àquele tipo de “amor” que tem servido como argumento para a morte de milhares de mulheres assassinadas pelos seus companheiros, namorados e maridos. É sobre o amor pelas pessoas, pela casa, pela família. É sobre o rompimento de laços que a gente imaginava indissolúveis.
Sabe nó de marinheiro? Pois, é! É dele mesmo que eu falo. E se esse nó se desfez é porque não existia amor de fato.
Na minha casa, naquele tempo em que a gente era um bando de crianças indomáveis, todo Natal nossa mãe enfeitava a casa e montava o presépio, sob os nossos olhares curiosos e respeitosos. O momento solene era quando ela depositava o Menino Jesus na manjedoura.
– Coitadinho do Menino Jesus. Deve estar morrendo de frio. Não tem cobertor e ainda fica pelado.
Esse lamento coletivo era ouvido ano a ano. Até que um dia, nossa mãe teve uma sacada de mestre e matou dois coelhos com uma cajadada só: pra cada boa ação praticada por nós, o Menino Jesus ganharia uma palha pra aquecê-lo. E assim foi feito. E dá-lhe palha. Boa ação na nossa casa virou mato. No Natal era tanto “anjo” e tanta palha que mal dava pra ver a imagem.
A gente cresceu e a lição ficou.
Epa! Agora é minha mãe soprando aqui no meu ouvido pra me lembrar que estamos vivendo o Tempo do Avento. Que tal se a gente aproveitar essa deixa e sair por ai trocando palhas por boas ações?
O mundo tá perdido (aposto que você já está cansado de ouvir isso também), há muito ódio? Talvez. Mas o coletivo é sempre a soma de uns. A mudança começa por nós. Pela atitude de cada um. Comece pelo perdão. Tenha compaixão. Enxergue-se na fala do outro. Vai ser quem errou de fato, né mesmo? Talvez esse seja o caminho para unir as pontas e formar um nó gigante?
Ah, a propósito, você sabe o que é Advento? “O tempo do Advento é o tempo de esperança, porque Cristo é a nossa esperança (1Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições”.
Com licença. Indo ali terminar de montar o presépio. Preciso colocar as primeiras palhas.
Como sempre, texto inspirador!
Amei a iniciativa da tia Neli, hahaha, bora copiar esta lindeza de ideia.
Que linda lembrança, Gisele! Vou me esforçar para mandar ao menos uma palhinha. Beijos!