O mineiro Fernando Brandão, um jovem de 36 anos que estudou na Universidade Federal de Minas Gerais e foi professor no Instituto de Ciências Exatas (ICEX) da mesma instituição, é um dos pesquisadores que ajudou o Google a desenvolver o primeiro computador quântico do planeta, batizado de Sycamore. A poderosa máquina foi capaz de solucionar em pouco mais de três minutos um problema que um computador tradicional levaria, no mínimo, 10 mil anos.
Hoje professor do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), Brandão entrou na UFMG em 2001 para cursar engenharia, mas logo se interessou pela física quântica. “No ciclo básico, tive matéria de física e ciência da computação e me interessei muito pelas duas. No meio do curso, percebi que queria ser cientista, não engenheiro. De certa forma, eu sabia que queria trabalhar com computação quântica mesmo antes de saber que eu queria ser um físico”, contou ele ao UOL.
Segundo o professor, o próximo passo será demonstrar a eficiência do supercomputador num problema de interesse prático. Ele afirma que o computador quântico pode, por exemplo, ser usado em ciências de materiais e na indústria farmacêutica para a descoberta de novas drogas, para ajudar empresas aéreas a alocar melhor os aviões para cada rota, bem como auxiliar empresas de logística a atender mais clientes em menos tempo.
“O próximo marco da área será demonstrar supremacia para um problema de interesse prático. Temos algumas ideias, mas não se sabe quanto tempo irá levar”, explicou Brandão ao jornal Estado de S. Paulo. Por conta de seu trabalho, o mineiro venceu o conceituado Prêmio Rolf Landauer e Charles H. Bennett pelas pesquisas desenvolvidas no campo da computação quântica.
A academia norte-americana reconheceu o mineiro “por suas impressionantes conquistas na Teoria do Entrelaçamento Quântico e na interseção da computação quântica, termodinâmica quântica e na Teoria Quântica de Sistemas de Muitos Corpos”. Sim, bastante complexo, mas de grande importância, que pode trazer grandes benefícios para a humanidade nos próximos anos.
Os pais de Fernando Brandão são professores universitários, de quem ele herdou o gosto pelos estudos. “O apreço pelo saber veio desde criança pela influência dos meus pais. Meus pais são professores universitários, mas na área de humanas. Meu pai é professor de grego antigo e minha mãe é professora de filosofia”, contou ele ao UOL.
Depois de concluir a graduação, Fernando Brandão fez mestrado na própria UFMG e depois o doutorado no Imperial College, de Londres, concluído em 2008. Trabalhou como professor de ciências da computação no University Gollege, também em Londres. Desde 2016 leciona física no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).
Com UOL e Estado de S. Paulo
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