Universidade fará estudo inédito sobre maconha medicinal

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Pesquisa que vai estudar a cannabis medicinal será feita pela UFV em parceria com a Abrace Esperança, de João Pessoa (PB). Fotos - Abrace - Divulgação
Pesquisa que vai estudar a cannabis medicinal será feita pela UFV em parceria com a Abrace Esperança, de João Pessoa (PB). Fotos - Abrace - Divulgação

Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) vão começar em novembro um estudo para conhecer melhor as variedades da maconha (cannabis) medicinal. Realizado pela primeira vez no Brasil, o objetivo principal do trabalho é desenvolver uma planta, por meio de melhoramento genético, que seja capaz de produzir canabidiol de melhor qualidade, um óleo que é usado na fabricação de medicamentos para o tratamento de doenças e síndromes raras.

“Através do cruzamento das plantas, pretendemos desenvolver uma variedade que seja capaz de produzir um óleo mais eficaz”, explica ao Boas Novas o professor professor Derly Henriques da Silva,  (DFT) do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa. 

Como no Brasil o plantio controlado da cannabis sativa (popularmente conhecida como maconha) para produção de medicamentos depende de autorização judicial, a UFV, para realizar a pesquisa, fez uma parceria com a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace), que tem sede em João Pessoa (PB). A entidade tem a permissão para o plantio e produção do canabidiol e, atualmente, fornece o medicamento para mais de 2.400 pessoas que têm prescrição médica de uso.

O professor Derly explica que desde 2018 uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da UFV, formada por oito professores dos Departamentos de Fitotecnia (DFT), Fitopatologia, Bioquímica, Medicina e Enfermagem, Biologia, Direito e Ciências Sociais, procurava autorização para realização da pesquisa sobre a maconha medicinal. Com a parceria com a Abrace, que está em fase final de trâmites burocráticos, o trabalho deverá ser iniciado já no mês de novembro.

Condições ideais de cultivo

Canabidiol procuzido na Abrace beneficia 2.400 pessoas
Canabidiol procuzido na Abrace beneficia 2.400 pessoas

Como não tem autorização para o plantio da cannabis, o estudo será feito em João Pessoa, na Abrace. Conforme o professor Darly, o trabalho começará pelo estudo agronômico e genético do comportamento dessas plantas. Serão analisadas nove variedades que, segundo o professor, produzem quantidades diferentes de substâncias como o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD,) que são usadas nos medicamentos. 

Mas o estudo sobre a maconha medicinal vai também investigar as condições ideais de cultivo para essas plantas no Brasil, para que elas produzam com mais qualidade. “Tanto os canabinóides quanto o THC são óleos que derivam do metabolismo secundário da planta, ou seja, dependem muito das condições climáticas e por aqui ainda não conhecemos as condições ideais e nem mesmo as variedades disponíveis. Este será nosso primeiro passo”, ressalta o professor Derly.  

A expectativa dos responsáveis pela pesquisa é que em um ano será possível identificar as variedades da cannabis, suas características comportamentais, quais as condições ideais de solo para o plantio, adubação, irrigação e luminosidade para o cultivo. A partir daí, será feito o trabalho de melhoramento genético das plantas para produzir as substâncias que são usadas para a fabricação dos medicamentos.

O canabidiol, o óleo extraído da cannabis, é usado na fabricação de remédios para convulsões graves, sedativos e analgésicos para pacientes portadores de síndromes raras e de doenças de difícil tratamento com terapias tradicionais.

Abaixo, vídeo produzido pela Abrace Esperança com relatos de familiares de pacientes beneficiados pelo canabidiol.

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