A comida que tem vida própria na boca: homus tahine

16 de janeiro de 2019

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Fechei os olhos e ouvi o balanço dos quadris da odalisca. Os quadris agitavam a pedraria presa aos véus como minha boca fazia com a kafta. A pimenta síria sensualizava com minhas papilas gustativas, o sabor do carneiro me transportava para um local de memórias que nunca vivi. Sou dessas pessoas que se alimentam de memórias que não são próprias. Tomo-as de assalto nos livros que leio, nas músicas que escuto e nos filmes que vejo.

A comida ganha vida própria na boca. Tem cadência, ritmo e potência. É como se me preparasse para um ritual tribal. Ouço a percussão dos derbakes e o coração acelera, a fome aumenta e o prazer é máximo. Abro os olhos e ainda estou no restaurante Amir em Copacabana, nenhuma música tocava. Ninguém dançava, nenhum derbake estava próximo.

A culinária libanesa tem o poder incrível de misturar pertencimento, sensualidade, perfume, história e exotismo. O chef usa os temperos como a dançarina do ventre o véu. Nos instiga a querer mais, a não desviar o olhar e muito menos a gula.

A comida tem, quase sempre, uma apresentação simples, um blefe! Não se deixe enganar. Sua complexidade, ao contrário, surpreende e desarma, te deixando exposto para a prática do melhor entre os sete pecados capitais.

Dicas para homus tahine

Para o dia de hoje, pego emprestado o vídeo de Mohamad Hindi, para ensiná-los a fazer o homus tahine. Na hora de servir, use o pão folha, corte-o com as mãos em fatias irregulares e mais largas, polvilhe zaatar, azeite e asse por alguns minutos no forno a 180°C.

O homus é uma opção vegana, é leve, saudável e nesse calor acompanha bem praticamente tudo. Assim como meu avô Amyd fazia com coalhada, sou eu com homus tahine, vale colocar até na feijoada (rs).