Antônio nasceu em Abre Campo e a Maria, em São Pedro dos Ferros, onde o casal se conheceu. Depois mudaram-se para Belo Horizonte, onde abriram uma mercearia. Desse casamento nasceram sete filhos. Um deles é Maria Melo, que tem 38 anos, é viúva e mãe de Leonardo, de nove anos. Maria trabalha em uma empresa de automação para o varejo. Essa história real seria muito comum se não fosse permeada pelo fantasma e pela ameaça do câncer de mama.
A mãe de Maria retirou um nódulo na mama. A prima Vera também foi vítima da doença. Mas, descobriu o nódulo ainda no início, fez quimioterapia e foi operada. Felizmente, recuperou a saúde e hoje leva a vida normalmente. A família de Maria registra mais um caso. Seu marido, Roberto, foi vítima de outro tipo, um Adenocarcinoma no íleo, um câncer muito raro, e faleceu.
Para fugir das estatísticas e não ser apenas mais um caso, Maria buscou informações sobre a doença, procurando, como ela mesma diz, ficar “antenada”. E mesmo não estando ainda na faixa etária recomendada pelos especialistas – 40 a 69 anos – nesse ano submeteu-se à primeira mamografia. No exame foi identificado um módulo, que mesmo sem malignidade, fez o seu sinal de alerta disparar.
Além dos checkups e exames periódicos, pedala e frequenta a academia três vezes por semana. E, nos últimos dias, Maria ganhou mais uma aliada: a Rosa, um aplicativo (App) que atua na prevenção, no controle e no apoio ao tratamento do câncer de mama. O App traz lembretes sobre mamografia e ultrassom, oferece o endereço dos locais mais próximos para realização dos exames, armazena dados para as próximas consultas e oferece dicas sobre hábitos saudáveis.
Maria também interage com a Rosa, um robozinho que, de forma instantânea e amigável, é capaz de conhecê-la à medida que o aplicativo é utilizado, criando assim uma personalização do cuidado com a sua saúde. O Rosa está disponível para download gratuito nas versões iOS e Android.
Prontuário eletrônico
“O app é muito importante e nos auxilia sobre a periodicidade dos exames, lembra e documenta o horário e a lista dos medicamentos prescritos pelo médico. É importante, principalmente, quando a gente vai a outro especialista e ele pergunta: Que medicamentos você está usando? Adeus, lapso de memória. Os dados estão todos lá. Lista de medicamentos, exames, datas, endereços de clínicas, enfim, a Rosa é, praticamente, um prontuário eletrônico”, assegura Maria.
“O aplicativo é uma mão na roda para toda mulher que convive com uma rotina extenuante, que trabalha, estuda, cuida da casa, dos filhos, da família. Tudo isso impede que ela cuide si mesma. O App vem com essa pegada. É um apoio de bolso da mulher. Tomei o meu remédio hoje? Quando é que eu fiz a minha última mamografia? Quando fiz o último ultrassom. O App lembra”, completa Maria
Quem idealizou a Rosa foi a farmacêutica e especialista em Gestão da Saúde Renata Alcântara. A ideia de criar essa plataforma digital surgiu depois que ela se envolveu com projetos voltados para o controle do câncer de mama. Foi quando percebeu o quanto a mulher desconhece a importância do autocuidado.
Prevenção e controle
“O App Rosa vem ajudar exatamente na prevenção e no controle do câncer de mama, com dicas importantes sobre hábitos saudáveis, o que inclui alimentação de qualidade, a adoção de práticas esportivas, além de orientações sobre como evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool”, conta Renata. Os serviços, como os alertas sobre exames, medicamentos, endereços de clínicas, vêm, segundo Renata, como um plus, um estímulo para que a Rosa passe a fazer, de fato, parte da rotina da mulher.
Renata aponta o software Rosa como outro diferencial do App. “A Rosa é um robozinho que tem o funcionamento totalmente independente da ação humana. Depois que a mulher baixar o aplicativo, a Rosa, de forma automática, faz a primeira interação com a pessoa, chamando-a literalmente para conversar. Para isso, usa uma linguagem natural, humanizada, sempre com o objetivo de apoiá-la e ajudá-la com o seu cuidado. Enxergo na Rosa uma ferramenta de empoderamento da mulher, ao garantir a ela o protagonismo no cuidado com a sua saúde”, afirma Renata, que com esses argumentos atraiu parceiros para o desenvolvimento do App.
Câncer de mama
O câncer de mama é o segundo tipo que mais mata mulheres no Brasil. Se diagnosticado precocemente, aumenta a chance de cura e a qualidade de vida das mulheres em até 90%.
Para o ano 2018, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima a ocorrência de 5.360 casos novos de câncer da mama feminina com a taxa bruta de 50,15 casos novos por 100 mil mulheres mineiras.
A mortalidade estadual por neoplasia (tumor) da mama feminina cresceu em torno de 52% em Minas Gerais, entre os anos 2006 (taxa bruta 10,6/100 mil) e 2017 (taxa bruta 16,1/100 mil). Em 2017, os 1.430 óbitos de mulheres por neoplasia da mama representaram 15,5% do total de óbitos por todas as neoplasias ocorridos no sexo feminino, que corresponderam a 13,63 óbitos por 100 mil mulheres mineiras.
Dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA) revelam que no período de janeiro a julho de 2018 foram realizadas 183.762 mamografias de rastreamento na faixa etária de 50 a 69 anos nas unidades de saúde do SUS em Minas Gerais.
O que é o câncer de mama?
O câncer é caracterizado pelo crescimento desordenado de células, determinando a formação de tumores malignos. O câncer de mama é o tipo que possui a maior incidência e a maior mortalidade na população feminina em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. O diagnóstico precoce é essencial para se garantir a detecção da doença em seu estágio inicial, aumentando em mais de 90% o sucesso do tratamento.
Quais são os sintomas do câncer de mama?
Em estágios iniciais, o câncer de mama pode não apresentar sintomas, mas é muito importante ficar atenta a certos sinais: inchaço, pele enrugada ou com depressões, pele descamativa ao redor do mamilo, secreção espontânea e alterações no mamilo.
Fatores de risco
Não existe uma causa única para o câncer de mama e sim alguns fatores que podem aumentar o risco da doença, como:
- Idade – as mulheres após os 50 anos são mais susceptíveis a desenvolver a doença;
- Primeira menstruação antes dos 12 anos de idade e menopausa após 55;
- Primeira gravidez após os 30 anos ou não ter tido filhos;
- Fumar, consumo excessivo de álcool;
- Sobrepeso ou obesidade;
- Não praticar atividade física regularmente;
- Exposição frequente a raios-X;
- Histórico familiar de câncer de mama e/ou ovário em parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) que tenham tido a doença antes dos 50 anos;
- Fazer uso de terapia de reposição hormonal pós-menopausa, principalmente se por tempo prolongado.
O que você pode fazer para reduzir os riscos
- Ter uma alimentação saudável, ingerindo verduras, legumes, frutas, proteínas, carboidratos, cereais, além da ingestão de muito líquido;
- Controlar seu peso;
- Praticar exercícios físicos regularmente. Eles aliviam o estresse físico e emocional e melhoram o funcionamento do organismo.
- Evitar o tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
- Esclarecer suas dúvidas com a equipe de saúde quanto às medidas preventivas e o acompanhamento de exames complementares e outros procedimentos necessários.
A importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso do tratamento. Em relação à avaliação das mamas, a recomendação é a seguinte:
- Mulheres de 40 a 49 anos – realização do exame clínico das mamas para todas as mulheres dessa faixa etária e realização de mamografia, se existir indicação da equipe de saúde.
- Mulheres de 50 a 69 anos – realização do exame clínico das mamas e realização de mamografia de 2 em 2 anos, ou em intervalos menores na dependendo do resultado da mamografia anterior. Se você perceber alguma alteração na mama procure a equipe de saúde mais próxima da sua casa. Conhecer o seu corpo e se cuidar é muito importante!
- Mulheres com elevado risco para câncer de mama (histórico familiar e/ou histórico pessoal de câncer de mama) – necessária avaliação e acompanhamento individualizado.
Fonte: SES/MG