Camisas rosas: a bola dentro do mês de outubro

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Clubes lançam camisas rosas em outubro

Há algumas semanas, escrevi aqui no Boas Novas MG a respeito da importância de os clubes de futebol se posicionarem em relação a diversos temas de interesse social, como o combate ao preconceito e a luta pela igualdade de gêneros. Citei, entre os exemplos, uma camisa do Puebla, do México, com diversos detalhes em rosa para ajudar na conscientização sobre a importância da prevenção ao câncer de mama. E, neste mês, o momento é de parabenizar alguns clubes brasileiros e suas respectivas fornecedoras de material esportivo, que, enfim, aderiram de forma bem clara e direta a pelo menos um tema.

O mote é o Outubro Rosa, o que fez disparar a produção de camisas rosas de norte a sul do Brasil. Para quem não sabe, o câncer de mama, quando descoberto tardiamente, é um dos responsáveis pela alta taxa de mortalidade de mulheres no país. E nunca é demais falar sobre a importância do diagnóstico precoce. É nesse espaço que os clubes de futebol, mais do que nunca, devem atuar, ajudando na conscientização sobre a doença e fazendo crescer as possibilidades de cura.

E ninguém melhor do que a Topper, que é a principal fornecedora de material esportivo das Séries A, B e C do Brasil para espalhar a boa ação para todos os lados do país. Neste mês, foram lançadas 12 camisas rosas de aquecimento para clubes de 11 Estados brasileiros, de todas regiões, e cada uma com um desenho mais atraente ou diferente no corpo da camisa para chegar ao público feminino. E sem deixar de manter a tradição.

O desenho da camisa da Ponte Preta, por exemplo, traz a indefectível Macaca, símbolo do clube de Campinas, enquanto o Paraná usa penas da gralha, também sua mascote, opção também do Remo com o leão. O Botafogo optou por homenagear o seu estádio, o Nilton Santos, o Goiás traz grafismos que representam esmeraldas e o Náutico se inspira no rio Capibaribe, que corta a capital pernambucana. Alguns clubes foram mais tradicionais e simplesmente usaram como pano de fundo seus escudos, como Figueirense, Vitória, Ceará, Guarani e Brasil de Pelotas.

Um caso emblemático nessa lista é a inclusão do Atlético. O Galo também não fez um desenho inovador e sua camisa rosa mostra apenas o escudo do clube. Mas a questão é o que foi criado com o lançamento de uma outra camisa rosa, de treino, em 2010, que gerou todos os tipos de preconceitos possíveis. Alguns torcedores do clube, mais radicais, repudiam até hoje a escolha do clube. A camisa, aliás, foi muito bem vendida na época, quando o clube também usava Topper.

Como não podia deixar de ser, parte da torcida do Cruzeiro até hoje faz piada homofóbica remetendo à camisa usada há oito anos. Recentemente, no dia do último clássico mineiro, a sede do Galo amanheceu pichada de rosa, inclusive, em mais um capítulo lamentável — no mesmo dia, à tarde, parte dos torcedores atleticanos entoaram um triste e violento cântico homofóbico que gerou uma multa ao clube.

O tempo, aparentemente, fez bem para a cabeça oca de algumas pessoas. São poucos os registros de torcedores que receberam com agressividade as camisas neste ano e vários homens já questionam qual o motivo de a camisa ser vendida apenas para o público feminino. Ao que tudo indica, em breve uma nova versão, com corte masculino, pode entrar no mercado, o que seria muito bom.

Bons exemplos em 2017

No ano passado, duas boas ações chamaram a atenção. Começando pelo Grêmio, que, em parceria com sua fornecedora, a Umbro, fez uma camisa rosa voltada para o público feminino e com parte dos lucros obtidos com a venda nas lojas físicas e virtuais do clube sendo revertido para o Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama).

O mais interessante da campanha promovida pelo atual campeão da Libertadores foi a entrada em campo com a equipe no início do mês de outubro do ano passado de 11 vitoriosas, como são chamadas pelo Imama as mulheres que venceram a doença.

Rival do Grêmio, o Internacional também apoiou a causa. Parceiro da Nike, o Inter lançou uma camisa rosa especial em outubro do ano passado e se propôs a repassar parte da arrecadação com as vendas na loja do Beira-Rio para o Imama. A diferença é que o Colorado também lançou a camisa no modelo masculino, usada pelos jogadores durante o aquecimento naquele mês. Os dois modelos se esgotaram nas lojas, o que indicou a aceitação. Espero que a mensagem também tenha sido e continue sendo aceita.

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