Sim, sou fã de futebol, daqueles que consomem tudo sobre o esporte, que se debruça sobre vídeos, livros, revistas, aplicativos e o que mais você puder imaginar. Nem precisa dizer que curto muito quando aparecem grandes personagens e times que dão gosto de serem acompanhados de perto (seja pela TV, pelo Facebook, no celular ou — glória maior — ao vivo). Personagens podem ser vários, mas, cá entre nós, quem não gosta de um futebol vistoso, ofensivo e que não se cansa de buscar o gol?
Há dez anos, um personagem tem levado isso muito a sério. Pep Guardiola. O treinador catalão montou, logo em seu primeiro trabalho, uma equipe do Barcelona que virou modelo para diversos outros times no mundo. Conquistou tudo o que podia.
Tirou um ano sabático, se preparou de forma muito especial e já chegou ao Bayern de Munique falando alemão em sua primeira coletiva. Foi campeão nacional em todas as temporadas que dirigiu a equipe.
Agora, Pep vive um desafio mais complicado. Chegou há duas temporadas ao Manchester City, no competitivo Campeonato Inglês, a liga nacional mais badalada, cara e com mais candidatos ao título. E onde o pequeno não respeita o grande. Pela primeira vez, em uma temporada de estreia, não levantou um título nacional, feito que conseguiu em seu segundo ano. Agora, no início da terceira, dá um cartão de visitas e tanto, com oito gols em dois jogos e um estilo de jogo que dá prazer de ver.
O que Guardiola faz agora na Inglaterra é um reflexo mais maduro do que fez na Espanha e na Alemanha. Antes que eu me esqueça, ele foi campeão inglês na última temporada com um ataque recordista (106 gols), a melhor defesa, goleadas fora e dentro de casa e incríveis 19 pontos de vantagem para o vice-campeão, o Manchester United. Aliás, o City fez 100 pontos, recorde inglês. Se eu fosse citar aqui a quantidade de marcas batidas, precisaria de umas cinco colunas.
Mas qual o motivo de enaltecer tanto aqui o trabalho de Guardiola? A boa nova é que, em um momento de futebol mais físico, com partidas que privilegiam a marcação, em que times adoram “dar” a bola para o adversário jogar, é um bálsamo poder acompanhar a evolução de um estilo baseado na qualidade. Sim, a qualidade pode superar as retrancas, as faltas mais ríspidas e os gramados ruins (isso não é uma característica inglesa, diga-se de passagem).
Para entender mais
Como disse, sou um leitor voraz de livros sobre futebol. E, dos vários que li nos últimos anos, um nome praticamente foi unanimidade e, volta e meia, ou é protagonista ou é citado nas publicações: Pep Guardiola.
Primeiramente, é um ótimo sinal de que suas ideias e sua forma de jogar futebol estejam sendo cada vez mais difundidas. E, claro, que existe público para absorver o que ele tem para ensinar. E acredite: Guardiola é capaz de passar muitas coisas além de táticas e gerenciamento de um grupo de jogadores. Seu trabalho de gestão é modelo para muitos profissionais de outras áreas.
Chegou, portanto, o momento de dar dicas de leituras para quem acompanha o Boas Novas MG. Pretendo usar esse espaço também para esse fim e achei que seria ótimo começar com alguém com o perfil de Guardiola.
Vou indicar aqui três livros que ajudam muito a entender o crescimento profissional de Guardiola, suas ideias, seu trabalho de formação de equipes, inspirações e, até mesmo, o cotidiano daquele que, para mim, é hoje o melhor técnico do mundo. Vamos lá:
Barça
O último a ser lançado no Brasil, mas que conta uma história mais antiga, a da trajetória de Pep como técnico do Barcelona, um dos maiores times de todos os tempos. A obra, escrita pelo escocês Graham Hunter, foi lançada no Brasil pela editora Grande Área neste ano. O livro detalha de forma minuciosa a era Pep no Barça (2008 a 2012), disseca a montagem até do estilo de jogo e traz depoimentos de personagens como Messi e Xavi e relatos dos grandes jogos deste período. Se prepare para querer rever jogos desta época.
Guardiola Confidencial
Também lançado no Brasil pela Grande Área (2015), foi escrito pelo jornalista Martí Perarnau, que teve o privilégio de conviver com o treinador durante uma temporada no Bayern de Munique. Perarnau apresenta detalhes inéditos e internos do dia a dia de Guardiola e mostra, com riqueza de dados, não só questões táticas e outras inerentes ao futebol, como sua relação com a família em meio ao insano meio do futebol.
Guardiola — A Evolução
Continuação de “Guardiola Confidencial”, relata os detalhes de sua última temporada no comando do Bayern de Munique e, como o título diz, apresenta a evolução do treinador que estava a caminho do Manchester City. Perarnau caminha por temas como táticas, gerenciamento de grupo e preparação para o trabalho na Inglaterra. Lançado em 2017 e também pela Grande Área, é outro mergulho na cabeça do genial treinador.
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Gostou dessas indicações? Quer sugerir outro título? Então, entre em contato com Frederico Jota pelos canais que aparecem no fim deste texto.