A Lei Maria da Penha completou 12 anos, e para marcar a data tribunais de todo o Brasil preparam ações a fim de melhorar a sua aplicação. Um evento realizado em Brasília aprovou uma carta com recomendações para fortalecer o combate à violência contra as mulheres.
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, atualmente tramitam mais de 10 mil processos envolvendo assassinatos de mulheres com a motivação de gênero, modalidade denominada feminicídio.
A carta final do encontro — denominado Jornada Lei Maria da Penha — defende que órgãos do Judiciário, Ministérios Públicos, Defensorias Públicas e as Polícias Civis e Militares precisam aprofundar a qualificação de seus servidores sob a perspectiva de gênero, que deve considerar ainda outras características, como raça, regionalidade, sexualidade e religião, entre outros.
Essas iniciativas de qualificação de juízes, procuradores, defensores e agentes das forças de segurança devem estar baseadas em orientações já existentes, reunidas sob as “diretrizes nacionais sobre feminicídio – investigar, processar e julgar com perspectiva de gênero as mortes violentas de mulheres”, formulado pelo governo federal, por representantes de tribunais e pela ONU Mulheres.
O documento trabalha tanto formas de respeitar os direitos das vítimas como recomendações para a investigação criminal e o trabalho da perícia, bem como a atuação do Ministério Público e do Judiciário nesses crimes nas diversas fases do processo.
Outra recomendação da carta da Jornada Maria da Penha é a necessidade das diversas instituições envolvidas alterarem seus sistemas técnicos de registros de informação, de modo a permitir que eles possam trocar dados entre si “para específica classificação de casos de feminicídio”.
Investigação
No recebimento de denúncias e casos, o documento sugere que os agentes do Sistema de Justiça e Segurança Pública (como policias, promotores e juízes) realizem o atendimento a mulheres vítimas de violência, inclusas medidas de proteção de urgência, sem condicionar o apoio “à tipificação dos casos como infração penal”.
Nas investigações, a resolução indica a importância de padronizar os procedimentos adotados em casos de crimes de violências contra mulheres. Desde o início do processo e da apuração, deve ser adotada uma perspectiva de gênero. Essa abordagem passa, acrescenta o texto, pelo fomento da percepção do crime como feminicídio desde a fase da investigação.
O documento destaca, nesse esforço, a formulação dos laudos periciais como operação onde o cuidado na incorporação dessa perspectiva deve ser maior.
Judiciário
No Judiciário, a carta recomenda que os tribunais de Justiça dos Estados destaquem uma vara para ser especializada em processo e julgamento de casos de feminicídio. Tal sugestão vale quando houver mais de uma vara do Tribunal do Júri.
* Com informações da Agência Brasil