A paquistanesa Malala Yousafzai, que é ativista pelo direito à educação, anunciou, durante sua visita ao Brasil, os nomes das três jovens que passam a integrar a Rede Gulmakai, uma iniciativa do Fundo Malala que apoia ativistas da área da educação de meninas e mulheres em vários países. Premiada em 2014, Malala foi a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz.
As escolhidas são ligadas às ONGs Ação Educativa (Denise Carreira), Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicação (Sylvia Siqueira Campos) e Associação Nacional de Ação Indigenista (Ana Paula Ferreira de Lima).
“A Malala é um símbolo contra a intolerância, contra os fundamentalismos. Esse reconhecimento constitui uma conquista política. Uma conquista principalmente política de ter uma pessoa como Malala apoiando uma agenda que está sendo tão atacada no Brasil, que é uma agenda da igualdade de gênero na educação”, disse Denise Carreira, uma das contempladas pelo Fundo Malala.
Ativista de direitos humanos, ela é coordenadora da Ação Educativa, fundada em 1994. Com o apoio do Fundo Malala, Denise Carreira pretende expandir seu trabalho sobre a igualdade de gênero na educação, especialmente contra a perseguição promovida por grupos ultraconservadores a professoras, estudantes e gestores educacionais que abordam as questões da igualdade de gênero nas escolas. “Tem uma outra linha que é o fortalecimento de coletivos juvenis em escolas que atuam pelos direitos das meninas e mulheres, coletivos que trabalham com a luta antirracista e também na defesa de direitos LGBT.”
Educação de meninas como bem comum
Outra ativista contemplada é Sylvia Siqueira Campos, presidente do Movimento Infanto-juvenil de Reivindicação, com sede no Recife (PE). O movimento, criado em 1990, tem como objetivo lutar pelos direitos fundamentais de crianças, adolescentes e jovens, combatendo a discriminação de raça, gênero, origem, condições de vida, credo religioso e ideologia política.
“Quando nos envolvemos em algo por amor e por consciência, esperando nada em troca, a vida é muito dura, mas a luta vale a pena, inclusive por prêmios desse tipo [apoio do Fundo Malala], que vão tornando o caminho mais fácil e mais esperançoso. O apoio vem, sobretudo, para desenvolvermos uma estratégia que tem três anos de duração, inicialmente, para podermos influenciar a política pública de educação de Pernambuco”, disse Sylvia Campos.
“Precisamos enxergar a educação como, de fato, um bem comum a qualquer pessoa. Se a gente de fato quiser promover uma educação pública de qualidade, temos que olhar nesse sentido.”
Segundo Sylvia, o foco do projeto desenvolvido com o apoio do Fundo Malala será em estudantes negras, periféricas, quilombolas e indígenas. “Esse projeto tem atividades de formação junto a meninas e uma estratégia de diálogo com a mídia, além de ações de advocacy [ações para influenciar a formulação de políticas e a destinação de recursos públicos] no Poder Legislativo e no Poder Executivo para incidência na política pública de educação.”
Respeito à autonomia cultural
A terceira a receber apoio do Fundo Malala é Ana Paula Ferreira de Lima, uma das coordenadoras da Associação Nacional de Ação Indigenista, com sede em Salvador (BA). Criada em 1979, a associação tem o objetivo de promover e respeitar a autonomia cultural, política e econômica e o direito à autodeterminação dos povos indígenas.
Ela já foi professora e atua para elevar o número de meninas indígenas que terminam os estudos na Bahia. “Iremos trabalhar com garotas indígenas entre 14 e 17 anos. O foco do projeto é a educação, símbolo da luta de Malala no mundo”, afirmou em nota.
* Com informações da Agência Brasil