Um pesquisador da USP de São Carlos conseguiu criar um dispositivo eletrônico para diagnosticar, de forma mais rápida, precisa e barata, a hepatite C, uma infecção viral que afeta o fígado e que atinge 1,5 milhão de brasileiros. Os exames convencionais para identificar a doença não são totalmente precisos, custam caro e levam dias para serem concluídos. Com o novo método, o diagnóstico será conhecido em, no máximo, dez minutos.
O dispositivo eletrônico foi criado pelo pesquisador João Paulo de Campos da Costa, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. De acordo com especialistas, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão da hepatite e impedir que a pessoa contagiada transmita a doença para outras.
Segundo o pesquisador, o equipamento tem mil vezes mais sensibilidade para detectar a hepatite C, se comparado aos modelos de exames convencionais. “Alguns exames levam até uma semana para ficarem prontos na rede pública e aqueles que utilizam sistemas eletroquímicos para diagnóstico são muito caros, podendo chegar a mais de R$ 20 mil”, afirma Campos da Costa. O dispositivo que ele inventou custou aproximadamente R$ 430,00.
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Os resultados obtidos pelo aparelho são transmitidos por rede sem fio diretamente para um aplicativo de celular que poderá ser utilizado por profissionais da saúde. Intuitivo e de funcionamento simples, o app ainda é capaz de armazenar o exame do paciente em um cartão de memória e enviá-lo, via e-mail ou redes sociais, como WhatsApp e Facebook, ao médico responsável, que vai analisar os resultados e definir o melhor tratamento para o paciente.
Composto por um microcontrolador, amplificadores de sinal, bateria e sistema de recepção e envio de dados sem fio, o dispositivo pode ser facilmente replicado pela indústria. “Criar um aparelho de baixo custo e que pudesse ser produzido em larga escala era um dos meus objetivos desde o início do trabalho”, revela Campos da Costa.
Outra vantagem do aparelho eletrônico é sua portabilidade. Isso porque é possível levar o exame até pessoas com dificuldades de locomoção ou acamadas, que não conseguem se deslocar ao hospital mais próximo, ou mesmo a populações residentes em áreas de difícil acesso. A tecnologia utilizada no dispositivo é brasileira e, segundo o especialista, não há empresas nacionais que produzam esse tipo de solução.
No início deste mês, o Ministério da Saúde lançou um plano para erradicar a hepatite C no Brasil até 2030 e a meta é tratar, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), todos os pacientes diagnosticados. O ministério também se comprometeu a apresentar novas iniciativas para testar o máximo de pessoas de forma simplificada, como é o caso do dispositivo desenvolvido em São Carlos.
Com informações do jornal da USP