Refrigerante de soro de leite chega ao mercado em 2018

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Refrigerante saudável, à bsse de soro de leite, foi desenvolvido por técnicos da Epamig. Foto - Agência Minas
Refrigerante saudável, à bsse de soro de leite, foi desenvolvido por técnicos da Epamig. Foto - Agência Minas

Está pronto para entrar no mercado um novo refrigerante feito à base de soro de leite, muito mais saudável, menos calórico e com menos teor de açucar, mais barato do que os similares, além de ser ecologicamente correto. Batizado de refrigerante sustentável, ou refrigerante do bem, o produto, na verdade uma bebida láctea, foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, com sede em Juiz de Fora, que é vinculado à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

Uma indústria de laticínios que se interessou pelo produto (o nome ainda é mantido em segredo) vai começar em janeiro a produzir o refrigerante sustentável em fase de testes. Resolvido um problema burocrático junto ao Ministério da Agricultura, uma vez que uma indústria de laticínio não pode ter no mesmo local uma planta que produz refrigerantes, a bebida começará a ser comercializada – o que pode acontecer ainda no primeiro semestre do próximo ano.

O coordenador da pesquisa, professor Junio de Paula, explica que a ideia de desenvolver o refrigerante partiu de dois desafios que foram apresentados aos pesquisadores: criar um produto que fosse capaz de suprir a necessidade diária das pessoas por produtos lácteos, uma vez que o consumo de leite e derivados vem caindo, e encontrar a solução para um enorme problema ambiental, uma vez que o soro desproteinado, que é o último soro da indústria de laticínios, é, na sua quase totalidade, descartado no meio ambiente.

Pesquisador Junio de Paula, do Instituto Cândido Tostes, foi o responsável pelo desenvolvimento do refrigerante à base de soro. Foto - Divulgação
Pesquisador Junio de Paula, do Instituto Cândido Tostes, foi o responsável pelo desenvolvimento do refrigerante à base de soro. Foto – Divulgação

“Pra que se tenha uma ideia do poder poluidor deste tipo de soro, 50 mil litros polui tanto quanto uma cidade de 100 mil habitantes”, explica Junio, que é pesquisador coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Processamento de Leite e Derivados da Epamig. “Criamos, então, um produto que tem dupla aptidão: ajuda a melhorar a nutrição das pessoas e reduz os problemas ambientais”, assinala o pesquisador.

De acordo com Junio, Minas Gerais, que é o maior produtor de leite do país, tem cerca de mil laticínios. A grande maioria produz, em média, 20 mil litros de soro por dia. Deste montante, aproximadamente 15 mil são jogados no meio ambiente sem nenhum critério, poluindo especialmente cursos d´água. Portanto, algo como 15 milhões de litros jogados fora diariamente (os outros 5 mil são usados, geralmente, para alimentação animal, especialmente de suínos).

Apesar de jogada fora, a matéria prima do refrigerante sustentável, que o professor chama de soro do soro, ainda contem lactose, cálcio, outros sais minerais e vitaminas, especialmente do complexo B, fundamentais para a conversão dos alimentos em energia. No processo de fabricação, a bebida ainda recebe proteínas e tem, conforme o professor Junio, propriedades energéticas (ajudam na performance esportiva) e isotônicas (ajuda a repor sais minerais perdidos na atividade física).

Ao refrigerante é adicionado, por exemplo, a luteína, que tem função biológica, protegendo o organismo contra a oxidação, principalmente doenças do globo ocular (catarata, degeneração macular, visão periférica), de pele, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares, como explica o professor Junio de Paula. O que faz a bebida ficar parecida com o refrigerante é a adição de gás carbônico.

O novo produto tem também, além do seu valor nutricional e medicinal, outras vantagens em relação aos refrigerantes vendidos no mercado: prazo de validade estendido e não precisa de refrigeração. “Trata-se de um produto de simples implantação, de baixo custo, muito bom para os consumidores, pois é nutritivo, e muito bom para as indústrias, uma vez que elas vão poder aproveitar um material que vem sendo descartado no meio ambiente”, assinala o pesquisador Junio.

Produto aprovado

Bebida com aroma de limão foi a que teve mais aceitação por parte do publico. Foto - Divulgação
Bebida com aroma de limão foi a preferida dos provadores na fase de teste. Foto – Divulgação

O refrigerante sustentável, de acordo com o coordenador da pesquisa, foi testado durante 60 dias por um grupo de 50 provadores. Para os testes, como explica o professor, foi usada a Escala Hedônica, um método científico que analisa a preferência dos consumidores por determinado produto, com base em dois atributos: gosta e desgosta.

A escala vai até nove e se o produto consegue nota acima de cinco ele é considerado aprovado pelos consumidores. De acordo com o pesquisador Junio de Paula, o refrigerante sustentável conseguiu ficar com um índice entre 6 e 7. “Considerando que o teste foi feito com um grupo de pessoas que são consideradas muito exigentes, o resultado final foi muito bom”, comemora o professor.

Para os testes, os pesquisadores prepararam o refrigerante com 12 aromas diferentes, todos à base de fruta, como laranja, pêssego, tangerina, kiwi, limão, entre outros. O que teve mais aceitação, conforme o professor, foi o de limão. “O gosto lembra muito os refrigerantes citrus, só que muito mais saudável”, assegura Junior, que garante que a bebida não lembra em nada os sabores dos produtos feitos à base de leite e derivados.

A pesquisa foi desenvolvida durante três anos e contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

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