Nobel da Paz vai para programa de combate à fome da ONU

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Pomba da Paz - desenho de Pablo Picasso
Pomba da Paz - desenho de Pablo Picasso

O prêmio Nobel da Paz de 2020 foi concedido para o Programa Mundial de Alimentação da ONU (Organização das Nações Unidas), que atua no combate à fome de quase 100 milhões de pessoas em todo o mundo. A premiação ao programa das Nações Unidas acontece num momento em que o mundo vive uma explosão da pobreza por conta da pandemia do coronavírus.

O prêmio é também um recado a líderes internacionais sobre a necessidade de que haja cooperação e solidariedade para vencer a pior crise sanitária mundial das últimas décadas.

Ao anunciar a escolha, o comitê norueguês do Nobel explicou que o programa da ONU foi escolhido por conta de seus esforços para combater a fome, pela sua contribuição para melhorar as condições de paz nas zonas afetadas por conflitos e por atuar como força motriz nos esforços para impedir a utilização da fome como arma de guerra e conflito.

“A necessidade de solidariedade internacional e cooperação multilateral é mais evidente do que nunca”, disse a presidente do comitê norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen. O programa presta assistência a cerca de 100 milhões de pessoas por ano em 88 países que são vítimas da insegurança alimentar e da fome aguda.

Presidente do comitê norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen
Presidente do comitê norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen

Erradicar a pobreza

A ONU havia estabelecido como um dos objetivos do milênio erradicar a pobreza no mundo até 2030. “Nos últimos anos, a situação tomou um rumo negativo. Em 2019, 135 milhões de pessoas sofreram de fome aguda, o número mais elevado em muitos anos. A maior parte do aumento foi causada pela guerra e pelos conflitos armados”, alertou Berit Reiss-Andersen.

Se em 2019 o número foi de 135 milhões de pessoas com fome, neste ano de 2020 o quadro pode ficar mais grave por conta da pandemia do novo coronavírus.

“Em países como o Iemen, República Democrática do Congo, Nigéria, Sudão do Sul e Burkina Faso, a combinação de conflitos violentos e a pandemia levou a um aumento dramático do número de pessoas que vivem à beira da fome. Face à pandemia, o Programa Mundial de Alimentação demonstrou uma impressionante capacidade de intensificar os seus esforços”, disse a presidente do comitê do Nobel.

O porta-voz do Programa Mundial de Alimentos, Tomson Phiri, disse que o prêmio para a agência “é um momento de orgulho”. “Este ano nós tivemos que atender a uma convocação para agir”, disse Phiri, se referindo ao atendimento às vítimas da fome durante a pandemia do novo coronavírus.

O órgão ligado à ONU tem sede em Roma e é a maior entidade que combate os problemas de fome e promove segurança alimentar no mundo. Foi criado em 1961 e já foi presidido por um brasileiro no começo dos anos 80, o embaixador Bernardo de Azevedo Brito.

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