“Bicicleta Inteligente” dá a professor e aluno de escola pública medalha de bronze em evento na África do Sul

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Professor Giezi Américo Reginaldo e seu aluno Izaias Diniz França Neto exibem medalha conquistada na África do Sul
Professor Giezi Américo Reginaldo (dir.) e seu aluno Izaias Diniz França Neto exibem medalha conquistada na África do Sul. Foto-Divulgação

Criador, juntamente com um grupo de alunos, de uma bicicleta inteligente para dar mais segurança aos usuários, professor de física ganha medalha com a iniciativa

O professor de física Giezi Américo Reginaldo e seu aluno Izaias Diniz França Neto, da Escola Estadual João Rodrigues da Silva, em Prudente de Morais, Região Metropolitana de Belo Horizonte, acabam de trazer da África do Sul uma medalha de bronze conquistada na Eskom Expo for Young Scientists International Science. Professor e alunos desenvolveram o que chamaram de bicicleta inteligente.

Trata-se de uma feira de ciências que reúne os melhores projetos desenvolvidos pelos estudantes das escolas sul-africanas e de escolas de países convidados. Giezi e Reginaldo apresentaram na feira, que foi realizada na cidade de Boksburg, próximo a Joanesburgo, o projeto da Bicicleta Inteligente, cujo nome oficial é “Faraday ao Dínamo: um dispositivo de segurança aos ciclistas”.

A ideia da Bicicleta Inteligente nasceu em 2015. Alunos da escola estadual identificaram uma grande demanda por um dispositivo de segurança para ciclistas, já que muitos deles utilizam a bicicleta como meio de transporte.

A ideia inicial era criar um colete iluminado com leds, mas ao longo do desenvolvimento da ideia foram agregados outros dispositivos para garantir segurança ao condutor e ajudar a evitar acidentes, como setas, lanterna frontal, sensores de impacto, sensor antifurto.

Se acontecer um acidente com o ciclista, por exemplo, é acionado um sinal de chamada para dois números de telefone simultaneamente, previamente cadastrados, e um GPS integrado informa o local exato da ocorrência. Um outro sensor aciona a polícia em caso de furto, bem como o próprio condutor. No total, são oito sensores distribuídos no colete e na bicicleta.

Empreendedorismo e inovação

Professor e aluno na montagem da bicicleta inteligente, criada para dar mais segurança a quem usa o veículo como meio de transporte.
Professor e alunos na montagem da bicicleta inteligente, criada para dar mais segurança a quem usa o veículo como meio de transporte. Foto-Divulgação

A Bicicleta Inteligente já havia sido premiada no UFMG Jovem XVI, uma feira de ciências promovida pela universidade, que é destinada a alunos e professores das escolas de educação básica e dos cursos de licenciatura de Minas Gerais. Concorrendo com 50 projetos, a iniciativa do professor Giezi e de seus alunos ganhou o primeiro lugar na categoria “empreendedorismo e inovação”.

Com a vitória, o projeto ganhou uma credencial para participar da Feira Brasileira de Ciência e Engenharia, que é realizada na Universidade Federal de São Paulo. Depois disso, os convites não pararam de chegar. Professor e alunos foram para Costa Rica, na América Central, e foram convidados a participar de feiras para jovens na Inglaterra e Rússia. Para esses dois países eles não conseguiram viajar, pois faltaram recursos para bancar viagem, hospedagem, alimentação.

O mais recente foi o convite da África do Sul, na feira que tem o patrocínio da Eskom, a principal companhia de energia elétrica do país, e da Intel, uma gigante da tecnologia, com o apoio de outras universidades e instituições privadas, bem como de órgãos do governo, como os departamentos de Educação e Ciência e Tecnologia.

“Confesso que a medalha foi uma grande surpresa, até porque tivemos uma série de problemas para conseguir chegar ao local do evento. Mas é uma conquista muito importante para os alunos diretamente envolvidos no projeto, para toda a Escola Estadual João Rodrigues da Silva e, evidentemente, uma enorme alegria para o professor”, assinala Giezi.

Todos os anos, cerca de 1 milhão de estudantes sul-africanos e de alguns países convidados participam da Eskom Expo for Young Scientists International Science, que já está na sua 37ª edição. Os vencedores do país recebem bolsas de estudos e outras premiações. No caso dos estrangeiros, somente o reconhecimento pelo trabalho inovador.

Faraday, o inspirador

O professor Geizi é um admirador do físico e químico inglês Michael Faraday, um dos pioneiros nos estudos da relação entre eletricidade e magnetismo. Após longas conversas com os alunos, e identificado o problema apontado por eles (que era dar mais segurança a quem usava a bicicleta como meio de transporte para chegar até a escola), ele decidiu utilizar os ensinamentos do físico inglês, utilizando um gerador de energia (dínamo), para alimentar um Led a ser usado no colete.

E assim como Faraday é uma inspiração para o professor Geizi, ele não só inspira como motiva seus alunos das duas escolas estaduais onde trabalha: além da João Rodrigues da Silva, em Prudente de Morais, ele leciona também na escola Conselheiro Afonso Pena, em Paraopeba.

Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Católica do Rio de Janeiro, Físico pela Utramig, com pós-graduação na mesma área pela UFMG, Gleizi, que é carioca, trabalhou por um tempo na iniciativa privada, mas confessa que sua paixão é o magistério.

Professor Geizi na Suíça, onde foi conhecer o maior acelerador de partículas do mundo. Foto-Divulgação
Professor Geizi na Suíça, onde foi conhecer o maior acelerador de partículas do mundo. Foto-Divulgação

Foi como professor de física que ele conseguiu realizar um grande sonho, que era conhecer o maior acelerador de partículas do mundo (LHC), que fica na periferia de Genebra, na Suíça.

 

 

 

Veja um pouco do que o professor Geizi pensa sobre a educação:

– Há uma necessidade de criar uma situação prazerosa que possibilite ao aluno uma aprendizagem significativa para o resto de sua vida.

– O grande desafio da educação é fazer com que ela faça sentido para o aluno. E quando isso não acontece, o que temos são alunos desmotivados.

– Os alunos costumam ficar muito decepcionados quando não vislumbram, na prática, aquilo que se estuda na teoria. Isso acontece principalmente nas ciências exatas, tidas como “bicho de sete cabeças”, ou um conteúdo só acessível aos chamados nerds. Daí a necessidade de os professores criarem aulas diferenciadas, criativas, que despertem interesse e motivem os alunos.

– Penso que a educação não é apenas uma ferramenta para mudar o mundo, mas para melhorar sistematicamente a qualidade de vida das pessoas.

 

 

 

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